"Para mim, sinto que posso acrescentar mais valor em manter as pessoas seguras na defesa, sendo o ministro da Defesa. É o trabalho que tenho vindo a fazer e é o trabalho que pretendo continuar a fazer, por isso, não me vou candidatar a primeiro-ministro", disse, numa entrevista transmitida pela BBC.
Sobre a sua preferência, argumentou ser importante escolher um candidato que "tome decisões para investir na defesa e segurança" do país e a quem seja reconhecida "legitimidade" junto dos eleitores e que possa ganhar as próximas eleições legislativas.
"Neste momento, estou inclinado para Boris Johnson", afirmou, embora reconheça existirem questões relacionadas com um inquérito parlamentar sobre se infringiu as regras ao mentir aos deputados sobre as "festas" durante a pandemia.
Wallace é o segundo membro do Governo a manifestar preferência por Boris Johnson para suceder a Truss, depois do ministro da Economia, Jacob Rees-Mogg, apesar de o antigo primeiro-ministro ainda não ter declarado a intenção de se candidatar.
A possibilidade de Boris Johnson regressar a Downing Street apenas 45 dias depois está a dominar a cobertura mediática sobre esta eleição interna e várias casas de apostas consideram-no um dos favoritos.
Uma sondagem da empresa YouGov no início desta semana sobre a então possibilidade de demissão de Liz Truss colocada Johnson no topo das preferências dos 'tories' com 32%, contra 23% de Rishi Sunak e 10% de Wallace.
Liz Truss demitiu-se na quinta-feira após apenas seis semanas dias no cargo, tornando-se na primeira-ministra com o mandato mais curto da história do Reino Unido.
Apesar de ter ganho as eleições legislativas em 2019 com uma maioria absoluta histórica, Johnson foi derrubado do cargo após a demissão de 60 membros do Governo devido a uma série de escândalos.
O antigo ministro das Finanças Rishi Sunak e a líder da Câmara dos Comuns [cargo que presente ao Governo] Penny Mordaunt, candidatos derrotados por Truss, são dados como favoritos, mas nenhum confirmou se vai avançar.
As nomeações para a eleição abriram na quinta-feira fecham às 14:00 de segunda-feira. Os candidatos precisarão no mínimo do apoio de 100 deputados.
No caso de existir mais de um candidato, uma primeira votação terá lugar na segunda-feira à tarde entre o grupo parlamentar, com o resultado previsto para as 18:00. Uma nova votação indicativa poderá seguir-se.
Se permanecerem na corrida dois finalistas, a escolha do vencedor será feita pelos militantes do partido Conservador por voto eletrónico até sexta-feira às 11:00, sendo o resultado anunciado no mesmo dia, numa hora por determinar.
Porém, se restar apenas um candidato, o próximo primeiro-ministro britânico pode ser declarado logo na segunda-feira.
De acordo com a constituição britânica, é o líder do partido com a maioria parlamentar é indigitado primeiro-ministro e convidado pelo monarca a formar governo.
Para forçar eleições legislativas, como pretende a oposição, é necessário ser aprovada no parlamento uma moção de censura por mais de metade dos 650 deputados.
Tendo em conta que o Partido Conservador tem maioria absoluta, seria necessário que cerca de 40 deputados votassem contra o próprio líder para dissolver o parlamento.
Esta hipótese parece pouco provável tendo em conta a atual impopularidade nas sondagens do partido há 12 anos no poder.
Um estudo da empresa People Polling publicado hoje indica que o Partido Trabalhista, principal força da oposição, tem 53% das intenções de voto, conta 14% dos Conservadores.
"Nunca vi nada assim em toda a minha vida. Este é o nível mais baixo do partido na história das sondagens no Reino Unido", comentou o politólogo Matthew Goodwin.
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