No final do encontro entre os dois chefes de estado, o israelita referiu à imprensa que discutiu com Joe Biden várias matérias relacionadas com a República Islâmica do Irão, inimigo regional de Israel.
"Acima de tudo, falamos sobre a questão do Irão, a forma como este está a tentar obter armas nucleares, a sua repressão aos seus próprios cidadãos de forma brutal, violenta e maliciosa, bem como as atividades do Irão no fornecimento de armas que estão a ser utilizadas para matar cidadãos ucranianos inocentes", realçou Isaac Herzog.
John Kirby, um dos porta-vozes da Casa Branca, confirmou mais tarde, em conferência de imprensa, que Biden e Herzog discutiram a assistência iraniana à Rússia na guerra na Ucrânia.
Uma das questões que mais despertou expectativas foi a possibilidade de ambos os líderes atenderem ao pedido que a Ucrânia fez para adquirir armas de Israel, especialmente o seu sistema antimísseis Iron Dome, algo que Israel se recusou a fazer.
Questionado sobre se Biden tinha pressionado Herzog a fornecer armas à Ucrânia, Kirby referiu que não e que os Estados Unidos não pretendem fazer um país sentir-se mal ou pressioná-lo a ajudar a Ucrânia, porque essa é uma decisão "soberana" de cada nação.
Já antes do início da reunião na Sala Oval da Casa Branca, os dois governantes tinha deixado claro, em declarações à imprensa, que o Irão seria um dos principais temas do encontro.
Em concreto, Herzog referiu-se à morte da jovem iraniana Mahsa Amini, a 16 de setembro, três dias depois de ter sido detida em Teerão pela chamada 'polícia dos costumes', que a acusou de violar o rígido código de indumentária, que inclui o uso do véu em público.
O Presidente de Israel lamentou que o Irão tenha entrado numa "era" em que "esmaga" os seus cidadãos e fabrica as armas que matam civis na Ucrânia.
Amini continua a estar no centro de fortes protestos que decorrem há mais de um mês no Irão e que têm representado um dos maiores desafios à ordem imposta pela República Islâmica desde que em 2009 as manifestações do Movimento Ecologista levaram milhões para as ruas.
A sua morte desencadeou protestos em dezenas de cidades por todo o país de 80 milhões de pessoas, com jovens mulheres a marcharem pelas ruas expondo publicamente e cortando o cabelo. O Governo iraniano reagiu com forte repressão, atribuindo a culpa das manifestações à ingerência estrangeira.
Os grupos de defesa dos direitos humanos afirmam que desde o início dos protestos, há mais de um mês, as forças de segurança iranianas mataram mais de 200 pessoas, incluindo crianças.
O encontro entre os dois chefes de Estado ocorre num momento em que Israel redobrou a pressão sobre os Estados Unidos, para que Washington não feche um acordo com o Irão, para retomar o acordo nuclear de 2015, interrompido pelo antecessor de Biden, o republicano Donald Trump (2017-2021).
Os Estados Unidos anunciaram esta quarta-feira sanções contra 14 altos funcionários e duas entidades iranianas por reprimirem os protestos de mulheres após a morte de Amini.
Entre os alvos das mais recentes sanções, estão o comandante da organização de serviços de informações da Guarda Revolucionária iraniana, diretores de algumas prisões e uma empresa iraniana cuja atividade consiste em filtrar as redes sociais.
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