As palavras de Raisi são uma resposta ao atentado ocorrido quarta-feira em Shiraz, sul do Irão, a um importante santuário muçulmano xiita e que provocou 15 mortos e 19 feridos, ataque reivindicado pelo grupo Estado Islâmico (EI), com o Presidente iraniano a acusar o movimento 'jihadista" como "inimigo" do país.
Já hoje, as forças de segurança iranianas dispararam e mataram um jovem durante uma manifestação em Mahabad (oeste), anunciou a organização de defesa e promoção dos direitos humanos Hengaw, com sede na Noruega.
"Um jovem curdo foi morto a tiro pelas forças de segurança iranianas", escreveu a Hengaw na rede social Twitter, indicando que a vítima foi atingida com uma bala na testa.
O Irão tem sido abalado por protestos desde que a jovem curda iraniana morreu, a 16 de setembro, três dias depois de ter sido detida em Teerão pela chamada 'polícia dos costumes', que a acusou de violar o rígido código de indumentária, que inclui o uso do véu em público.
Quarta-feira assinalou-se o fim do luto tradicional de 40 dias.
Amini continua a estar no centro dos fortes protestos e que têm representado um dos maiores desafios à ordem imposta pela República Islâmica desde que, em 2009, as manifestações do Movimento Ecologista levaram milhões para as ruas em dezenas de cidades, com jovens mulheres a marcharem expondo publicamente o cabelo e, nalguns casos, a cortá-lo.
O Governo iraniano tem reagido com uma forte repressão e tem atribuído a culpa das manifestações à ingerência estrangeira.
Os grupos de defesa dos direitos humanos afirmam que desde o início dos protestos, há mais de um mês, as forças de segurança iranianas mataram mais de 200 pessoas, incluindo crianças.
Hoje, nas declarações sobre o atentado em Shiraz, Raisi referiu que a intenção dos inimigos do Irão é "atrapalhar o progresso do país", pelo que os tumultos e confrontos abrem caminho para atos terroristas".
"[Os terroristas] vieram ao santuário de Shahcheragh e abriram fogo contra pessoas inocentes que estavam nas suas preces", acrescentou.
Já quarta-feira Raisi tinha acusado "os inimigos do Irão", que procuram "dividir as fileiras unidas da nação [...] pela violência e terror", e prometeu uma resposta severa das forças de segurança.
O grupo EI tem assumido a responsabilidade por ataques no Irão desde 07 de junho de 2017, quando homens armados e homens-bomba atacaram o Parlamento e o mausoléu do fundador da República Islâmica, ayatollah Khomeini, em Teerão, matando 17 pessoas.
"Apenas um terrorista esteve envolvido no ataque" de quarta-feira, disse o chefe da Autoridade Judiciária local, Kazem Moussavi, enquanto imagens divulgadas pela imprensa oficial mostravam corpos cobertos de sangue ou tapados por lençóis.
O autor do ataque, "na casa dos 30 anos", segundo as autoridades locais, "está ligado aos grupos 'takfiri' e foi detido", indicou a televisão estatal iraniana, referindo-se aos grupos jihadistas ou radicais islâmicos sunitas.
O ataque em Shiraz foi o segundo atentado mortífero perpetrado este ano contra um local de culto xiita no Irão, um país com cerca de 83 milhões de habitantes e onde o xiismo é a religião do Estado desde o século XVI.
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