Putin mostrou-se preocupado com supostos planos da Ucrânia de vir a usar uma 'bomba suja' - recusados liminarmente pelo próprio país e pelos países ocidentais - para responder às forças invasoras russas, e pediu à AIEA para verificar o que Kiev anda a preparar nas suas instalações nucleares.
"E que o façam o mais depressa possível e da maneira mais ampla possível, pois sabemos que Kiev está a fazer todo o possível para apagar os rastos desses planos. Eles estão a trabalhar nisso", disse Putin, durante a sua intervenção no clube de debates Valdái.
Sem especificar ou apresentar provas, Putin disse mesmo saber "aproximadamente" onde os ucranianos estão a fabricar esse tipo de 'bomba suja', que não é atómica, mas inclui elementos radioativos.
"O combustível nuclear restante foi ligeiramente modificado. A tecnologia que existe na Ucrânia permite que isso seja feito", denunciou o líder russo, confirmando que foi ele quem ordenou ao ministro da Defesa, Serguei Shoigu, para que informasse os seus homólogos dos principais países do mundo sobre as alegadas descobertas dos serviços secretos russos.
A pedido de Kiev, que negou categoricamente estes planos, a AIEA anunciou esta semana que enviará uma missão para inspecionar as instalações nucleares do país.
Putin assegurou ainda que não tem qualquer plano para usar uma 'bomba suja' ou qualquer arma atómica contra a Ucrânia, no âmbito da sua campanha militar.
"Não vemos sentido nisso. Não há qualquer razão política ou militar", explicou o líder do Kremlin, acrescentando que a Rússia apenas recorrerá ao arsenal estratégico nuclear para defender o seu território e o seu povo.
Contudo, não excluiu esse cenário totalmente.
"Enquanto existirem armas nucleares, haverá sempre o perigo do seu uso", admitiu Putin.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,7 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.374 civis mortos e 9.776 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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