"Esta madrugada e manhã ocorreu o maior ataque de 'drones' [aparelhos voadores não tripulados] e veículos de superfície pilotados remotamente nas águas da baía de Sebastopol na história" do conflito, disse Mikhail Razvojayev, citado pela agência noticiosa estatal russa TASS.
A Crimeia, anexada em março de 2014 pela Rússia após uma intervenção das suas forças especiais e de um referendo denunciado por Kiev e pelo Ocidente, serve como quartel-general desta frota e como base logística de retaguarda para a ofensiva russa na Ucrânia.
Algumas instalações militares e civis já foram alvejadas várias vezes nos últimos meses.
Entretanto, em Moscovo, o Ministério russo da Defesa responsabilizou a Ucrânia e o Reino Unido pelo "intenso ataque" com 'drones', que, no entanto, "causou danos menores" num dos navios, um caça-minas Ivan Goloubets, bem como na barragem de contenção da baía de Sebastopol.
"A preparação para este ato terrorista e o treino dos militares do 73.º centro ucraniano para operações marítimas especiais foram realizados por especialistas britânicos baseados em Ochakov, na região de Mykolaiv, na Ucrânia", afirmou o Ministério russo da Defesa na rede social Telegram.
Segundo Moscovo, o ataque envolveu "nove veículos aéreos não tripulados e sete drones marítimos autónomos" e visavam atingir navios que participam na proteção dos cargueiros responsáveis pela exportação de cereais ucranianos.
Antes, Razvojayev adiantou que a Marinha russa tinha repelido um ataque de 'drones' contra a frota russa do Mar Negro na Baía de Sebastopol, garantindo que nenhum edifício tinha sido atingido e que a situação estava sob controlo.
A Rússia, que lançou uma ofensiva militar contra a Ucrânia a 24 de fevereiro passado, anexou em 2014 a península ucraniana da Crimeia (sul).
Os ataques ucranianos a Sebastopol ocorrem numa altura em que as tropas de Kiev lançaram uma contraofensiva para recuperar terreno no sul da Ucrânia.
Os ataques contra a Crimeia aumentaram nas últimas semanas, à medida que as forças ucranianas avançam na frente sul em direção à cidade de Kherson, transformada em fortaleza pelos russos que aguardam o inevitável ataque.
Quinta-feira, Razvojayev anunciou que a central termoelétrica de Balaklava havia sido alvo de um ataque de 'drones', salientando, porém, que não causou grandes danos ou baixas.
Um aeródromo e uma base militar na Crimeia também foram alvo de explosões em agosto, ataques pelos quais a Ucrânia acabou por reconhecer a responsabilidade, mas só várias semanas mais tarde.
No início de outubro, foi a Ponte da Crimeia, uma infraestrutura fundamental para a península que a liga à Rússia, inaugurada em 2018 pelo Presidente russo, Vladimir Putin, que foi danificada pela explosão de um camião-bomba.
No terreno, os militares ucranianos relataram combates nas regiões de Lugansk e Donetsk, no leste, incluindo perto de Bakhmout, a única área onde as tropas russas avançaram nas últimas semanas, e bombardeamentos em várias outras regiões.
Em agosto, o governador pró-russo da Crimeia relatou um outro ataque, o segundo em menos de um mês, com 'drones' ao quartel-general da Frota Russa do Mar Negro, em Sebastopol, que não causou feridos.
A 31 de julho, um 'drone' caiu no pátio da sede da frota e feriu cinco funcionários, levando ao cancelamento de todas as festividades planeadas para o Dia da Frota Russa.
Acusada pela Rússia de estar por trás desse ataque, a Ucrânia negou qualquer envolvimento, considerando as acusações uma "provocação".
Entretanto, separatistas pró-Rússia que lutam ao lado de Moscovo anunciaram uma nova troca de prisioneiros com Kiev envolvendo 50 pessoas de cada lado.
Na frente sul, jornalistas da AFP testemunharam batalhas de artilharia na vila de Kobzartsi, a última cidade do lado ucraniano antes da linha de contacto com os russos.
"Ali pode correr tudo mal, mas sabemos que eles sofrem muito mais do lado deles do que do nosso", assegurou um soldado ucraniano, Oleksiï, na casa dos 20 anos, citado pela AFP.
Ambos os lados estão a preparar-se nesta área para a batalha pela cidade de Kherson, a capital regional, de onde as autoridades de ocupação russas retiraram dezenas de milhar de civis, que a Ucrânia descreveu como "deportações".
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