"Em vista do ato terrorista realizado pelo regime de Kiev com a participação de especialistas britânicos contra navios da Frota do Mar Negro e navios civis envolvidos na segurança dos corredores de cereais, a Rússia suspende a sua participação na implementação do acordo sobre a exportação de produtos agrícolas dos portos ucranianos", anunciou o Ministério russo da Defesa na rede social Telegram.
A Organização das Nações Unidas anunciou hoje estar a envidar esforços para preservar o acordo, depois do anúncio da sua suspensão pela Rússia.
"É vital que todas as partes se abstenham de qualquer ação que coloque em risco o Acordo de Cereais do Mar Negro", disse, em comunicado, o porta-voz do secretário-geral da ONU, Stéphane Dujarric, enfatizando que o acordo teve um "impacto positivo" no acesso a alimentos para milhões de pessoas em todo o mundo.
Por seu lado, a Ucrânia acusou a Rússia do "falso pretexto" do ataque na Crimeia para justificar a suspensão do acordo, pressionando Moscovo para que "respeite as suas obrigações".
"Moscovo está a usar um falso pretexto para bloquear o corredor de grãos que fornece segurança alimentar para milhões de pessoas. Apelo a todos os estados para exigir que a Rússia encerre os seus jogos da fome e se comprometa novamente a cumprir as suas obrigações", disse o ministro ucraniano das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, na rede social Twitter.
O Reino Unido também reagiu, denunciando as "falsas informações" destinadas a "desviar a atenção".
Já a Turquia "não foi oficialmente notificada" pela Rússia da suspensão do acordo, disse uma fonte de segurança daquele país, que supervisiona as exportações a partir de um centro de coordenação conjunta instalado na capital turca.
O acordo de cereais, concluído em julho sob a égide da ONU e da Turquia, permitiu a exportação de vários milhões de toneladas de cereais retidos nos portos ucranianos desde o início do conflito em fevereiro, o que fez com que os preços dos alimentos disparassem, aumentando o medo da fome.
O presidente russo, Vladimir Putin, aumentou as críticas ao acordo nas últimas semanas, apontando que as exportações da Rússia, outro grande produtor de cereais, estavam a ser prejudicadas pelas sanções.
Moscovo justificou a suspensão com o ataque de 'drones' que hoje teve como alvo navios militares e civis da Frota Russa do Mar Negro estacionados na baía de Sebastopol, na Crimeia anexada.
A Crimeia, anexada em março de 2014 pela Rússia após uma intervenção das suas forças especiais e de um referendo denunciado por Kiev e pelo Ocidente, serve como quartel-general desta frota e como base logística de retaguarda para a ofensiva russa na Ucrânia.
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