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EUA. Candidatos republicanos extremistas jogam forte na costa Oeste

De quase 570 candidatos republicanos às eleições intercalares de 08 de novembro, mais de metade colocaram em dúvida a legitimidade da vitória de Joe Biden ou negaram mesmo que este tenha sido eleito justamente. 

EUA. Candidatos republicanos extremistas jogam forte na costa Oeste
Notícias ao Minuto

08:31 - 30/10/22 por Lusa

Mundo Eleições nos EUA

Uma análise recente do Washington Post indica que a maioria dos candidatos que rejeitam o resultado de 2020 vão vencer as suas corridas, depois de terem visto legitimado o extremar das suas posições com vitórias sucessivas nas primárias. A plataforma FiveThirtyEight também calcula que 72 por cento têm grandes hipóteses de vencer. 

Na costa Oeste, uma das personalidades extremas mais visível é Kari Lake, candidata republicana a governadora do Arizona. Considera que Biden não foi legalmente eleito e disse que não teria certificado a sua vitória se fosse governadora do Arizona em 2020. A republicana Liz Cheney caracterizou-a como uma das maiores ameaças à democracia americana. 

Esta é uma posição que poucos teriam previsto há alguns anos. Criada no Iowa, agora com 53 anos, Lake teve uma carreira rica como professora do ensino secundário, treinadora de futebol e mais tarde jornalista televisiva, cargo que a tornou uma cara conhecida nos lares do Arizona. 

Pivô por mais de vinte anos, votou em Barack Obama como democrata registada antes de abraçar o "Trumpismo" e lançar-se na política. O Arizona também é o estado onde Blake Masters corre ao Senado pelos republicanos com uma agenda ultra "MAGA" [sigla do lema "Make America Great Again", de Trump], de tal forma extremada que levou a liderança republicana a cortar o investimento na sua campanha. 

Outra corrida que está a captar a atenção no Arizona é para secretário de estado, com um dos candidatos mais extremistas da costa oeste: o republicano Mark Finchem, que esteve do lado de fora do Capitólio a 06 de janeiro de 2021 e em 2014 era membro do grupo radical Oath Keepers.

Finchem foi um dos legisladores que assinou uma resolução em 2020 pedindo ao congresso que rejeitasse os grandes eleitores de Joe Biden e afirmou que o presidente não ganhou legalmente no Arizona. 

Na legislatura estadual há oito anos, Finchem é um ex-polícia e decidiu entrar nesta corrida após as presidenciais de 2020. Tem colocado em causa a integridade do processo eleitoral por correspondência no Arizona, apesar de ele próprio votar desta forma. Se vencer, estará à frente do processo eleitoral no estado. 

A história repete-se no Nevada, onde o candidato republicano a secretário de estado, Jim Marchant, tem ligações ao movimento conspiracionista QAnon e esteve envolvido na tentativa de enviar falsos grandes eleitores para subverter a vitória de Biden. 

Natural da Florida, com uma carreira pré-política ligada à tecnologia, Marchant está agora a defender o fim do uso de máquinas de contagem de votos. Alegou, sem evidências, que as máquinas são fáceis de piratear e acredita numa "cabala" global que controla as eleições. 

Também no Nevada, o ex-major das Forças Armadas Sam Peters está a tentar retirar o democrata Stephen Horsford do 4º distrito com uma série de posições controversas, o que levou o próprio partido republicano a não financiar a sua campanha. 

Veterano da Força Aérea e atual empresário, Peters montou uma campanha agressiva contra o incumbente, acusando os democratas de permitirem uma "invasão" de imigrantes nas fronteiras e prometendo "terminar" o que Trump começou com o muro. 

Foi contra ajudas financeiras durante a covid, pretende o fim do Affordable Care Act (vulgo Obamacare) e recusou-se a reconhecer a legitimidade da eleição de Joe Biden, defendendo o fim do uso de máquinas de contagem de votos da Dominion Voting Systems que estiveram no centro da teoria da conspiração de Trump nas eleições de 2020.  

Um pouco mais a norte, no estado de Washington, Joe Kent batalha pelo 3º distrito da Câmara dos Representantes clamando pelo 'impeachment' de Joe Biden e uma investigação às eleições de 2020. 

O republicano é um ex-boina verde com ligações à extrema-direita, incluindo pelo menos um membro dos Proud Boys a trabalhar na sua campanha. Foi anti-confinamento durante a pandemia e disse que as vacinas contra a covid-19 são "terapia genética experimental." Depois das buscas na residência de Donald Trump, Mar-a-Lago, defendeu o corte ao financiamento do FBI. 

Kent é claramente favorito a vencer a eleição contra a democrata Marie Gluesenkamp Perez. 

Tal não é tão certo no Utah, onde o senador republicano Mike Lee está a ver a reeleição ameaçada pelo candidato anti-Trump Evan McMullin. 

As posições extremadas de Lee, que trocou mensagens com o ex-chefe de gabinete de Trump Mark Meadows sobre como contestar a vitória de Biden, estão a dificultar a sua reeleição num estado que é muito republicano, mas mais tradicionalista.

No Wyoming, pelo contrário, Harriet Hageman tem a vitória mais que assegurada para a Câmara dos Representantes, depois de derrotar a ex-amiga Liz Cheney nas primárias. Como advogada anti-conservação da natureza convertida a Donald Trump, Hageman tem feito campanha com uma agenda MAGA.

Também na liberal Califórnia há candidatos que apoiam a falsa teoria de que Donald Trump foi alvo de fraude em 2020. Mike Garcia, que está a tentar ser reeleito no 27º distrito, foi um dos congressistas que votou contra a certificação dos votos de Joe Biden no dia do assalto ao Capitólio. Opôs-se ao 'impeachment' de Trump que se seguiu e à constituição da comissão de investigação do 6 de janeiro. 

No 20º distrito da Califórnia, o líder minoritário da Câmara Kevin McCarthy será reeleito e tem grandes possibilidades de passar a líder maioritário, se os republicanos retomarem o controlo da câmara baixa. 

McCarthy reagiu às buscas em Mar-a-Lago falando de "um estado intolerável de politicização" no Departamento de Justiça e disse ao procurador-geral Merrick Garland para "preservar documentos" e manter livre o seu calendário, porque os republicanos vão investigá-lo quando tomarem o poder.  

Leia Também: EUA. Observadores treinam para vigiar votos e ativistas pegam em armas

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