O antigo presidente e atual vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitry Medvedev, considerou, na terça-feira, que os países ocidentais estão a “empurrar o mundo para uma guerra global”, apontando que “apenas a vitória da Rússia” no conflito com a Ucrânia poderá prevenir esse desfecho.
“Uma tese bem conhecida dos países ocidentais: ‘Não se pode permitir que a Rússia ganhe a guerra’. O que significa isso realmente? Siga a lógica”, começou por expor o responsável, na rede social Telegram, apontando que a rejeição da Rússia por parte da Ucrânia “é uma ameaça à existência” daquele país.
“Se a Rússia não vencer, então, aparentemente, vence a Ucrânia. O objetivo da Ucrânia na guerra foi nomeado pelo regime de Kyiv - o retorno de todos os territórios que anteriormente lhe pertenciam. Ou seja, a sua rejeição da Rússia. Esta é uma ameaça à existência do nosso estado e [levará] ao colapso da Rússia de hoje”, continuou.
Na sua ótica, esta “rejeição” justifica a aplicação da “cláusula 19 dos Fundamentos da Política de Estado da Federação Russa no campo da dissuasão nuclear”, uma vez que “os países ocidentais estão a empurrar o mundo para uma guerra global”.
“Quem, então, planeia um conflito nuclear? O que é isso senão uma provocação direta de uma guerra mundial com o uso de armas nucleares? Vamos chamar as coisas pelos nomes”, lançou, acusando que “os países ocidentais estão a empurrar o mundo para uma guerra global”.
“Apenas a vitória completa e final da Rússia será uma garantia contra o conflito mundial”, rematou.
Lançada a 24 de fevereiro, a ofensiva militar da Rússia contra a Ucrânia já causou a fuga de mais de 13 milhões de pessoas - mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,7 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da Organização das Nações Unidas (ONU), que classificou esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa - justificada pelo presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.430 civis mortos e 9.865 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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