Acordos sobre cereais permitem escoar dez milhões de toneladas
O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse hoje estar "determinado" a alcançar a renovação do acordo de exportações de cereais ucranianos através do Mar Negro, que já atingiu um marco de dez milhões de toneladas métricas transportadas.
© Reuters
Mundo Ucrânia/Rússia
Numa declaração à imprensa na sede da ONU, em Nova Iorque, Guterres foi questionado sobre o seu grau de otimismo em relação à renovação do acordo, que envolve separadamente a Rússia e a Ucrânia e expira a 19 de novembro, tendo respondido com uma citação de Jean Monnet: "Não estou otimista, não estou pessimista, apenas determinado".
"E todos deveríamos estar determinados em fazer o que for necessário para garantir que temos a renovação da iniciativa dos cereais do Mar Negro e, ao mesmo tempo, que resolvemos os problemas que persistem na exportação de alimentos e fertilizantes russos", afirmou.
Momentos antes, Guterres havia anunciado que trazia "notícias esperançosas num mundo agitado em turbulência", indicando que, até ao momento, dez milhões de toneladas métricas de cereais foram enviadas pelo corredor do Mar Negro.
"Foram necessários apenas três meses para atingir esse marco. Apesar de todos os obstáculos que vimos, o farol da esperança no Mar Negro ainda está a brilhar. A iniciativa está a funcionar", disse.
"Foi dito que nem sempre se pode apreciar algo até que esteja em risco ou desapareça completamente. Nos últimos dias, acredito que o mundo passou a entender e apreciar a importância da Iniciativa de Cereais do Mar Negro. Para conter a crise alimentar. Para aliviar os preços e as pressões sobre as pessoas em todo o mundo. Para reduzir os riscos de fome, pobreza e instabilidade", acrescentou.
Algumas horas antes de Guterres se pronunciar, a Rússia ainda não tinha decidido se irá concordar com uma extensão do acordo dos cereais ucranianos, que expira em pouco mais de duas semanas, com o Kremlin a indicar que quer avaliar o seu impacto.
A recente decisão da Rússia de retornar ao acordo, do qual se retirou brevemente, não significa que vai querer estendê-lo para além de 19 de novembro, que é o seu prazo atual, alertou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
Este acordo, concluído sob a égide da ONU e da Turquia em julho, permitiu desbloquear as exportações dos cereais ucranianos que foram prejudicadas pela ofensiva que Moscovo está a liderar naquele país.
Entretanto, as autoridades russas reclamam regularmente de obstáculos persistentes às suas próprias exportações de cereais e fertilizantes devido às sanções ocidentais, acreditando que o acordo não é aplicado quando diz respeito à Rússia.
Nesse sentido, Guterres usou o seu pronunciamento para apelar à "remoção dos obstáculos remanescentes às exportações de alimentos e fertilizantes russos", afirmando estar "totalmente comprometido" com esse objetivo.
"O mundo precisa de uma navegação segura para as exportações de cereais, alimentos e fertilizantes da Ucrânia através do Mar Negro, E o mundo precisa de esforços conjuntos para enfrentar com urgência a crise do mercado global de fertilizantes e fazer pleno uso da capacidade de exportação russa. A escassez de fertilizantes já está afetando agricultores em todo o mundo", frisou.
[Notícia atualizada às 15h08]
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