A invasão, os cereais, o gás, o nuclear. A guerra que já dura há 259 dias

Eis as principais fases da guerra na Ucrânia desde a invasão russa, a 24 de fevereiro, até à ordem de retirada das forças russas da cidade de Kherson, hoje anunciada.

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© Wolfgang Schwan/Anadolu Agency via Getty Images

Lusa
09/11/2022 21:08 ‧ 09/11/2022 por Lusa

Mundo

Ucrânia/Rússia

 

A invasão russa

A 24 de fevereiro, o Presidente russo, Vladimir Putin, anunciou uma "operação militar especial" para defender as "repúblicas" separatistas de Donetsk e Lugansk, no Donbass -- região mineira no leste da Ucrânia -, cuja independência tinha acabado de proclamar.

Putin afirmou querer "desnazificar" a Ucrânia e exigiu a garantia de que Kyiv nunca aderiria à NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte, bloco de defesa ocidental).

Ajudas

A União Europeia anunciou o envio de armamento para a Ucrânia, uma estreia.

O Ocidente impôs à Rússia sanções económicas, que foram sendo reforçadas ao longo do tempo.

Os Estados Unidos disponibilizaram milhares de milhões de dólares de ajuda militar à Ucrânia, que beneficiou igualmente de apoios financeiros de entidades como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial.

Kherson cede

Nos primeiros dias da invasão, as tropas russas apoderaram-se da quase totalidade da região de Kherson, no sul da Ucrânia. Essencial para a agricultura, a região é também estratégica por ser limítrofe com a península da Crimeia, anexada por Moscovo em 2014.

Kyiv resiste

As tropas russas tentaram cercar a capital ucraniana, onde o Presidente da República, Volodymyr Zelensky, decidiu ficar, e tomar Kharkiv, segunda maior cidade da Ucrânia.

Confrontado com uma forte resistência, o exército russo recuou e concentrou-se no final de março no Donbass e no sul do país.

Após a retirada das forças russas, a descoberta de centenas de cadáveres de civis na região de Kyiv, em especial em Bucha - nas ruas, com sinais de tortura e de execução, empilhados, alguns incendiados, outros em valas comuns -, causou indignação internacional e desencadeou uma investigação do Tribunal Penal Internacional (TPI) sobre crimes de guerra e contra a humanidade.

Conquista de Mariupol

Desde o início da sua ofensiva, o exército russo montou um cerco à cidade de Mariupol, porto estratégico no mar de Azov que permitiria a Moscovo criar uma continuidade territorial costeira entre a Crimeia e as zonas separatistas do Donbass.

Cerca de 2.500 combatentes ucranianos, entrincheirados no complexo siderúrgico Azovstal, resistiram quase três meses, até meados de maio, quando se renderam.

Segundo Kyiv, os bombardeamentos russos destruíram 90% dos edifícios e infraestruturas de Mariupol e cerca de 20.000 pessoas morreram na cidade.

Bloqueio de cereais

No fim de março, Washington acusou Moscovo de provocar uma "crise alimentar global".

O bloqueio marítimo imposto pela Rússia no mar Negro impediu a Ucrânia de exportar os cerca de 20 milhões de toneladas de cereais armazenados nos seus silos.

Um acordo concluído a 22 de julho sob a égide da ONU e com mediação da Turquia permitiu a retomada das exportações.

Guerra do gás

As essenciais exportações de gás russo para a Europa tornaram-se cada vez mais irregulares, provocando uma subida dos preços.

Os gasodutos Nord Stream 1 e 2, no mar Báltico, foram danificados no final de setembro por explosões classificadas como "atos de sabotagem" pelos países europeus.

Contraofensiva no sul

Após terem reivindicado no início de julho o controlo da região de Lugansk, as forças russas tentaram conquistar a zona de Bakhmut, em Donetsk.

Em agosto, as tropas ucranianas contra-atacaram na região de Kherson.

Ameaça nuclear

Desde 05 de agosto, as duas partes acusam-se mutuamente de bombardeamentos à central nuclear de Zaporijia (no sul do país), a maior da Europa, ocupada desde março pelas tropas russas, causando cortes de eletricidade e fazendo temer uma catástrofe nuclear.

A Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA), organismo especializado da ONU, enviou uma equipa de especialistas às instalações para fazer uma inspeção e está a trabalhar para definir "uma zona de proteção" em torno da central, mas os ataques têm prosseguido.

Avanço ucraniano

No início de setembro, Kyiv lançou um ataque-surpresa na região de Kharkiv (nordeste do país) e reivindicou desde então a reconquista de importantes centros logísticos, como Izium, onde foram encontradas centenas de campas rasas, Kupiansk e Lyman (leste).

Mobilização parcial

Perante as perdas de terreno do seu exército, Putin decretou a 21 de setembro uma "mobilização parcial" de cerca de 300.000 reservistas, desencadeando um êxodo em massa dos cidadãos russos.

O líder russo ameaçou recorrer a armas nucleares para defender a Rússia do Ocidente, que acusa de querer "destruir" o seu país.

Anexações

A 30 de setembro, na sequência da realização de "referendos" cuja legalidade foi contestada pela comunidade internacional nas quatro regiões ucranianas ocupadas -- Lugansk, Donetsk, Kherson e Zaporijia -, Putin proclamou a anexação desses territórios.

"Apocalipse"

A 06 de outubro, o Presidente norte-americano, Joe Biden, advertiu para o risco de "apocalipse" pela primeira vez desde a Guerra Fria.

No dia 08, a ponte da Crimeia, que liga a Rússia à península que esta anexou, sofreu danos num ataque com explosivos imputado por Moscovo às forças ucranianas.

Como medida de retaliação, várias cidades ucranianas, entre as quais Kyiv, foram alvo de fortes ataques com 'rockets' e 'drones' (aparelhos voadores não-tripulados) kamikazes visando em particular as infraestruturas energéticas, o que provocou cortes no abastecimento de eletricidade.

Ordem de retirada de Kherson

Já anteriormente obrigada a abandonar a região de Kharkiv em setembro, Moscovo, perante a contraofensiva ucraniana, ordenou hoje, 09 de novembro, a retirada das suas tropas da cidade de Kherson.

Contudo, Kyiv disse que, até agora, ainda não viu "qualquer sinal" de retirada.

Leia Também: Russos saem de Kherson? Informação "tem de ser analisada criticamente"

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