Negociações? "O Kremlin não quer parecer completamente derrotado"

Na ótica do responsável, tudo não passa de uma tática para que a Rússia não pareça derrotada, uma vez que a Ucrânia continua "a libertar os territórios".

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Daniela Filipe
10/11/2022 17:31 ‧ 10/11/2022 por Daniela Filipe

Mundo

Ucrânia/Rússia

Mykhailo Podolyak, conselheiro do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, voltou a manifestar-se contra a ideia de negociar a paz com Moscovo, considerando que o Kremlin quer apenas “não parecer completamente derrotado”.

“É claro o porquê de a Rússia precisar de ‘negociações’ e de ‘congelar a guerra’: os generais estão a implorar por uma pausa para um exército exausto, e o Kremlin quer, pelo menos, algumas ‘vitórias’ territoriais, para não parecer completamente derrotado”, começou por argumentar, numa publicação na rede social Twitter.

Contudo, o responsável foi mais longe, lançando a questão: “Mas por que é que a Ucrânia precisa disso? Continuamos a libertar os nossos territórios”, justificou.

Em entrevista ao La Repubblica, na terça-feira, Podolyak assinalou que "um acordo com [Vladimir] Putin é um bilhete de ida para um mundo onde a lei internacional não é mais válida, onde a lei é determinada pela força e a força é a arma nuclear".

"O cessar-fogo para a Rússia é uma pausa tática para reforço. Vale a pena fazer esse favor a Moscovo?", frisou, observando que "cada sucesso militar e cada metro de terra libertada fortalece a Ucrânia". Admitiu, contudo, a possibilidade de negociações, mas apenas quando Moscovo deixar o território ucraniano.

No dia anterior, o conselheiro de Zelensky recorreu novamente ao Twitter para abordar o tema, reiterando que “a Ucrânia nunca se recusou a negociar”.

“A nossa posição de negociação é conhecida e aberta. Putin está pronto? Obviamente que não. Portanto, somos construtivos na nossa avaliação: falaremos com o próximo líder da [Rússia]”, escreveu, alertando que, para a porta das conversações ser aberta, a Rússia deverá retirar as suas tropas da Ucrânia.

Lançada a 24 de fevereiro, a ofensiva militar russa na Ucrânia causou a fuga de mais de 13 milhões de pessoas - mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,7 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da Organização das Nações Unidas (ONU), que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa - justificada pelo presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.430 civis mortos e 9.865 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.

Leia Também: "Acordo com Putin é bilhete de ida para mundo onde lei não é válida"

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