Mykhailo Podolyak, conselheiro do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, voltou a manifestar-se contra a ideia de negociar a paz com Moscovo, considerando que o Kremlin quer apenas “não parecer completamente derrotado”.
“É claro o porquê de a Rússia precisar de ‘negociações’ e de ‘congelar a guerra’: os generais estão a implorar por uma pausa para um exército exausto, e o Kremlin quer, pelo menos, algumas ‘vitórias’ territoriais, para não parecer completamente derrotado”, começou por argumentar, numa publicação na rede social Twitter.
Contudo, o responsável foi mais longe, lançando a questão: “Mas por que é que a Ucrânia precisa disso? Continuamos a libertar os nossos territórios”, justificou.
It is clear why Russia needs "negotiations" and "war freezing": generals are begging for a break for an exhausted army, and Kremlin wants at least some territorial "victories" to do not look like complete losers. But why Ukraine needs this? We continue to liberate our territories
— Михайло Подоляк (@Podolyak_M) November 10, 2022
Em entrevista ao La Repubblica, na terça-feira, Podolyak assinalou que "um acordo com [Vladimir] Putin é um bilhete de ida para um mundo onde a lei internacional não é mais válida, onde a lei é determinada pela força e a força é a arma nuclear".
"O cessar-fogo para a Rússia é uma pausa tática para reforço. Vale a pena fazer esse favor a Moscovo?", frisou, observando que "cada sucesso militar e cada metro de terra libertada fortalece a Ucrânia". Admitiu, contudo, a possibilidade de negociações, mas apenas quando Moscovo deixar o território ucraniano.
No dia anterior, o conselheiro de Zelensky recorreu novamente ao Twitter para abordar o tema, reiterando que “a Ucrânia nunca se recusou a negociar”.
“A nossa posição de negociação é conhecida e aberta. Putin está pronto? Obviamente que não. Portanto, somos construtivos na nossa avaliação: falaremos com o próximo líder da [Rússia]”, escreveu, alertando que, para a porta das conversações ser aberta, a Rússia deverá retirar as suas tropas da Ucrânia.
Lançada a 24 de fevereiro, a ofensiva militar russa na Ucrânia causou a fuga de mais de 13 milhões de pessoas - mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,7 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da Organização das Nações Unidas (ONU), que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa - justificada pelo presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.430 civis mortos e 9.865 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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