"Os bancos centrais do G20 estão firmemente empenhados em alcançar a estabilidade dos preços", afirma a declaração conjunta aprovada pelas potências participantes no encerramento hoje da reunião diplomática na ilha indonésia de Bali.
Os líderes das 20 potências abordaram na sua reunião o forte aumento dos preços registado este ano, cujo impacto "está a ser acompanhado de perto" pelos bancos centrais, com a intenção de continuar a "calibrar adequadamente o ritmo de aperto da política monetária", tendo simultaneamente em conta "a salvaguarda da recuperação e a limitação das repercussões entre países".
"Estamos empenhados em mitigar as repercussões negativas para apoiar um crescimento forte, sustentável, equilibrado e inclusivo", afirma a declaração, observando que, para o conseguir, as entidades credoras procuram adotar "políticas bem calibradas, bem planeadas e bem comunicadas para apoiar uma recuperação sustentável, com a devida consideração pelas circunstâncias específicas de cada país".
A maioria dos principais bancos centrais empreendeu este ano numa retirada dos estímulos económicos na sequência da pandemia da covid-19, que se traduziu num aumento da inflação em conjunção com o impacto da guerra na Ucrânia e outras tensões geopolíticas.
Enquanto a Reserva Federal dos EUA (Fed) optou por uma subida agressiva das taxas de juro que o Banco Central Europeu (BCE) seguiu, o Banco do Japão (BOJ) é a exceção entre as principais economias mundiais, ao manter as suas taxas ultra baixas devido ao que considera no seu caso ser a inflação importada e transitória.
A este respeito, o G20 e os respetivos bancos centrais disseram que se manterão "ágeis e flexíveis" nas suas políticas, e estarão prontos a adaptar-se "à evolução das circunstâncias".
Para isso procurarão medidas temporárias e específicas para ajudar a manter o poder de compra dos cidadãos e para amortecer o impacto do aumento dos preços das mercadorias, incluindo energia e alimentos, disseram, sem especificar mais pormenores.
O aumento da inflação nas potências mais desenvolvidas do mundo está a decorrer em níveis não vistos há cerca de uma década ou mais, e as diferenças nas políticas monetárias conduziram a uma elevada volatilidade em algumas moedas este ano.
Conscientes desta questão, os líderes do G20 disseram ter reafirmado "os compromissos assumidos sobre as taxas de câmbio" na reunião dos ministros das Finanças e dos banqueiros centrais do G20 que se realizou em abril passado, e argumentaram que "a independência do banco central é crucial para alcançar estes objetivos e reforçar a credibilidade da política monetária".
A inflação global, que o Fundo Monetário Internacional (FMI) espera que suba para 8,8% em 2022, contra 4,7% em 2021 (para depois cair para 6,5% em 2023), é a questão que mais preocupa pelo menos um terço dos países do G20, de acordo com um inquérito realizado este mês pelo Centro para a Nova Economia e Sociedade do Fórum Económico Mundial.
A contenção da inflação é uma das principais prioridades do grupo, segundo o inquérito, que mostra que as preocupações ambientais têm sido relegadas para segundo plano pela primeira vez em anos, uma vez que problemas mais prementes, tais como o elevado custo de vida, são vistos como necessitando de ser resolvidos.
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