Numa mensagem nas redes sociais, Jens Stoltenberg sublinhou que a sentença, que condenou a prisão perpétua dois cidadãos russos e um ucraniano pró-Moscovo por responsabilidades do lançamento de um míssil que atingiu em julho de 2014 o voo MH17 de Malaysia Airlines, no espaço aéreo ucraniano, mostra que "não pode haver impunidade para este tipo de crimes".
"Os meus pensamentos estão com as vítimas mortais e com os respetivos familiares das 298 vítimas inocentes", afirmou o ex-primeiro-ministro norueguês sobre a sentença que estabelece que o avião foi atingido por um míssil 'Buk', de fabrico russo, que teria sido lançado de um território localizado em Pervomaisk, na região de Lugansk.
O tribunal identificou como responsáveis pelo derrube do aparelho aéreo, um Boeing 777, os cidadãos russos Igor Girkin e Sergei Dubinsky, bem como o separatista ucraniano pró-Moscovo Leonid Kharchenko, condenando-os à revelia a prisão perpétua. Um quarto réu foi absolvido por falta de provas.
"O tribunal decreta a prisão perpétua" de Igor Girkin e Sergei Dubinsky e do ucraniano Leonid Kharchenko, considerados culpados de assassínio e por terem participado da destruição do avião, disse o juiz presidente do Tribunal do Distrito de Haia, Hendrik Steenhuis.
Steenhuis indicou que as evidências apresentadas pela acusação num julgamento que durou mais de dois anos provaram que o Boeing 777, que voava de Amesterdão para Kuala Lumpur, foi atingido por um míssil 'Buk' disparado por combatentes ucranianos pró-Moscovo a 17 de julho de 2014.
Nenhum dos réus compareceu ao julgamento, que começou em março de 2020 e, apesar de condenados, têm duas semanas para apresentar recurso, sendo, porém, improvável que cumpram qualquer pena de prisão.
Numa primeira reação na rede social Twitter à decisão do tribunal, o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, congratulou-se com a "decisão importante" da condenação dos dois cidadãos russos e do ucraniano pró-Moscovo.
"Uma decisão importante do tribunal de Haia. A punição por todas as atrocidades russas - ontem e hoje - será inevitável", acrescentou o chefe de Estado ucraniano, numa referência às acusações de Kiev contra Moscovo de "crimes de guerra" em várias regiões ucranianas ocupadas pelo exército russo desde o final de fevereiro, quando começou a guerra atualmente em curso.
"Mas é preciso que [todos] os instigadores acabem no banco dos réus, porque o sentimento de impunidade leva a novos crimes", defendeu, pedindo para se "dissipar a ilusão" de que a justiça internacional nunca encontrará nem condenará os culpados de "atrocidades" no atual conflito com a Rússia.
Por seu lado, o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, saudou os "esforços conjuntos aprofundados entre Ucrânia, Países Baixos, Bélgica, Austrália e Malásia" durante a investigação deste caso.
"O veredicto de hoje envia uma mensagem à Rússia: nenhuma mentira pode ajudar a escapar da justiça", escreveu Kuleba também na rede social Twitter.
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