O conselheiro presidencial ucraniano, Mykhailo Podolyak, voltou a pronunciar-se quanto à continuação de conversações de paz entre a Ucrânia e a Rússia, esta sexta-feira, reiterando que esses “compromissos” não “trarão paz”, mas sim “multiplicarão as vítimas”, representando a vitória do presidente russo, Vladimir Putin.
“Percebam: quaisquer ‘compromissos’ territoriais não trarão paz, apenas multiplicarão as vítimas. Qualquer concessão à Federação Russa será a vitória de Putin, legalizará o assassinato e fará da guerra uma ferramenta de relações internacionais. Será o fim do direito internacional. Alguém quer isso?”, lançou, na rede social Twitter.
O responsável já se mostrou contra a continuação de negociações com Moscovo por várias vezes, tendo inclusivamente assinalado que o Kremlin quer apenas “não parecer completamente derrotado”.
Just realize: any territorial "compromises" will not bring peace, but multiply victims. Any concessions to RF will be Putin’s victory, will legalize murder and make war a tool of international relations. This will be the end of international law. Does anyone really want that?
— Михайло Подоляк (@Podolyak_M) November 18, 2022
“É claro o porquê de a Rússia precisar de ‘negociações’ e de ‘congelar a guerra’: os generais estão a implorar por uma pausa para um exército exausto, e o Kremlin quer, pelo menos, algumas ‘vitórias’ territoriais, para não parecer completamente derrotado”, escreveu, a 10 de novembro, na mesma rede social.
O conselheiro de Zelensky foi mais longe, lançando a questão: “Mas por que é que a Ucrânia precisa disso? Continuamos a libertar os nossos territórios”, justificou.
Na mesma linha, Podolyak apontou que "um acordo com Putin é um bilhete de ida para um mundo onde a lei internacional não é mais válida, onde a lei é determinada pela força e a força é a arma nuclear", em entrevista ao La Repubblica.
"O cessar-fogo para a Rússia é uma pausa tática para reforço. Vale a pena fazer esse favor a Moscovo?", frisou, observando que "cada sucesso militar e cada metro de terra libertada fortalece a Ucrânia". Admitiu, contudo, a possibilidade de negociações, mas apenas quando Moscovo deixar o território ucraniano.
Noutra ocasião, o responsável recorreu novamente ao Twitter para abordar o tema, reiterando que “a Ucrânia nunca se recusou a negociar”.
“A nossa posição de negociação é conhecida e aberta. Putin está pronto? Obviamente que não. Portanto, somos construtivos na nossa avaliação: falaremos com o próximo líder da [Rússia]”, rematou, alertando que, para a porta das conversações ser aberta, a Rússia deverá retirar as suas tropas da Ucrânia.
Lançada a 24 de fevereiro, a ofensiva russa na Ucrânia causou a fuga de mais de 13 milhões de pessoas - mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,8 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa - justificada pelo presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.557 civis mortos e 10.074 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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