"Dados os acontecimentos recentes, incluindo o anúncio da candidatura do ex-presidente às próximas eleições presidenciais e a intenção do atual Presidente concorrer, decidi que é do interesse público nomear um procurador especial", salientou Merrick Garland em conferência de imprensa.
O procurador-geral dos EUA confiou esta missão a Jack Smith, ex-procurador baseado em Haia, no Tribunal Especial para o Kosovo.
O Departamento de Justiça descreveu Smith como um "independente registado", num esforço para neutralizar qualquer ataque de influência política.
"Ao longo da sua carreira, Jack Smith construiu uma reputação de procurador imparcial e determinado, que lidera equipas com energia e foco para seguir os factos onde quer que eles o levem", salientou Garland.
O procurador-geral garantiu ainda que este conselheiro especial irá receber os recursos necessários para fazer um trabalho "rápido e completo".
Garland defendeu também que esta nomeação permitirá que os procuradores continuem o seu trabalho "indiscutivelmente guiados" apenas pelos factos e pela lei.
"O Departamento de Justiça há muito reconhece que, em certos casos extraordinários, é do interesse público nomear um procurador especial para administrar independentemente uma investigação e acusação", salientou o procurador-geral.
Jack Smith destacou, por sua vez, que pretende conduzir as investigações "de forma independente e nas melhores tradições do Departamento de Justiça".
O procurador especial garantiu ainda que a investigação não irá parar ou diminuir sob a sua supervisão, assegurando ainda "independência".
"Irei proceder a um julgamento independente e levarei as investigações adiante de forma rápida e completa para qualquer resultado que os factos e a lei determinem", assegurou Smith, citado num comunicado divulgado pelo Departamento de Justiça.
As investigações recaem sobre a presença de documentos confidenciais na residência do magnata Republicano na Florida, mas este procurador especial irá também supervisionar os principais aspetos de uma investigação separada que envolve a invasão do Capitólio em 06 de janeiro de 2021 e os esforços de Trump para anular os resultados das presidenciais de 2020, noticiou a agência Associated Press (AP).
A medida, divulgada apenas três dias depois de Trump ter anunciado formalmente a sua candidatura às presidenciais de 2024, é um reconhecimento das implicações políticas de duas investigações que envolvem não apenas um ex-presidente, mas também um atual candidato à Casa Branca.
Embora esta nomeação coloque um novo supervisor no topo das investigações, o procurador especial reportará a Garland, que tem a palavra final sobre se deve ou não apresentar acusações.
Representantes de Trump não responderam até agora aos pedidos de reação a esta nomeação.
Garland tem defendido repetidamente o seu foco único nos factos, nas provas e na lei para as decisões do Departamento de Justiça, além da sua determinação para restaurar a independência política da agência, após os anos conturbados da administração Trump.
Não parece haver também um conflito óbvio, ao contrário do que motivou a última nomeação de um procurador especial para lidar com as investigações relacionadas com Trump.
O Departamento de Justiça de Trump nomeou o ex-diretor do FBI Robert Mueller como conselheiro especial para liderar a investigação sobre uma possível coordenação entre a Rússia e a campanha presidencial de Trump em 2016.
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