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EUA pedem reforma na ONU para enfrentar Coreia do Norte

Os Estados Unidos da América (EUA) pediram hoje uma reforma urgente do Conselho de Segurança da ONU para que este órgão possa responder de forma "unida" aos lançamentos de mísseis balísticos "desestabilizadores" por parte da Coreia do Norte.

EUA pedem reforma na ONU para enfrentar Coreia do Norte
Notícias ao Minuto

17:05 - 21/11/22 por Lusa

Mundo ONU

Numa reunião do Conselho de Segurança, a embaixadora dos EUA junto da ONU, Linda Thomas-Greenfield, afirmou que por "63 vezes este ano a Coreia do Norte violou de forma flagrante as resoluções" daquele órgão e "demonstrou total desrespeito pela segurança da região".

"Quantos mísseis mais devem ser lançados antes de respondermos como um Conselho unificado?", questionou a representante diplomática, acusando o regime de Pyongyang de agir com impunidade e sem medo de uma resposta ou represália do Conselho de Segurança, órgão máximo da ONU devido à sua capacidade de fazer aprovar resoluções com caráter vinculativo.

"Esta é a décima vez que nos reunimos sem ações significativas. A razão é simples: dois membros do Conselho com poder de veto estão a capacitar e a encorajar a Coreia do Norte", frisou Thomas-Greenfield.

A diplomata norte-americana referia-se assim ao poder de veto da Rússia e da China -- dois dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança e aliados da Coreia do Norte -, que impediu várias resoluções condenatórias nos últimos tempos.

A Rússia e a China, de acordo com a embaixadora norte-americana, permitiram que o regime norte-coreano realizasse, na passada sexta-feira, um teste de um míssil balístico de alcance intercontinental.

Para Linda Thomas-Greenfield, tal ação colocou em risco a vida de civis japoneses e aumentou desnecessariamente as tensões na região.

"Tenho mantido reuniões com os Estados-membros da ONU para ouvir as suas ideias sobre a reforma do Conselho de Segurança. E (...) quando eles falam sobre abuso do veto, eles estão a falar de casos exatamente como este", referiu.

Nesse sentido, os Estados Unidos pediram uma Declaração Presidencial do Conselho de Segurança para responsabilizar a Coreia do Norte pelos seus testes de mísseis.

"Daremos outra oportunidade para o Conselho responsabilizar a Coreia do Norte pela sua retórica perigosa e as suas ações desestabilizadoras. Os Estados Unidos irão propor uma Declaração Presidencial para este fim", anunciou.

Uma Declaração Presidencial é uma feita pelo Presidente do Conselho de Segurança em nome de todos os países-membros, adotada em reunião formal e emitida como um documento oficial desse órgão da ONU, e é frequentemente criada quando o Conselho não consegue chegar a um consenso ou é impedido de aprovar uma resolução pelo veto ou ameaça de veto de um membro permanente.

"Deixem-me ser clara: Os EUA estão empenhados em seguir uma abordagem diplomática. Estamos preparados para um encontro sem pré-condições e exorto a Coreia do Norte a envolver-se numa diplomacia séria e sustentada. Mas a Coreia do Norte continua a não responder e, em vez disso, opta por continuar com esse comportamento imprudente. Em vez disso, o Conselho deve responder", concluiu Thomas-Greenfield.

Na passada sexta-feira, a Coreia do Norte disparou um míssil balístico intercontinental, que caiu no mar, em águas da Zona Económica Exclusiva (ZEE) do Japão. O míssil lançado pelo regime de Pyongyang tinha alcance suficiente para chegar ao território continental dos EUA.

A reunião de hoje do Conselho de Segurança é a terceira nos últimos dois meses para discutir os lançamentos de mísseis por Pyongyang.

O embaixador da China na ONU, Zhang Jun, aproveitou a reunião para defender que o seu país está "preocupado" com a situação na península coreana, a qual considera estar "numa espiral ascendente de tensão crescente e confronto intensificado".

Zhang Jun disse que os EUA "devem tomar a iniciativa, mostrar sinceridade, apresentar propostas realistas e viáveis, responder positivamente às preocupações legítimas da Coreia do Norte e transformar o diálogo de uma formalidade em realidade o mais rápido possível".

Por sua vez, a representante permanente adjunta da Rússia, Anna Evstigneeva, manifestou a oposição de Moscovo "a qualquer atividade militar que represente uma ameaça à segurança da península coreana e dos estados do nordeste Asiático".

Contudo, responsabilizou os Estados Unidos e os seus aliados pelo escalar da situação.

"Os EUA e os aliados realizam exercícios militares em grande escala na região, a Coreia do Norte reage e nós reunimo-nos aqui para discutir isso. (...) A nosso ver, a razão para isso é óbvia -- o desejo de Washington de forçar Pyongyang a um desarmamento unilateral por meio de sanções e pressão", avaliou a diplomata russa.

"Lamentamos profundamente que os nossos colegas ocidentais tenham consistentemente ignorado os numerosos apelos de Pyongyang aos EUA para interromper a sua atividade hostil, o que teria criado oportunidades de diálogo. As concessões feitas por Pyongyang em 2018 e 2019 não foram tidas em consideração", considerou Evstigneeva.

Ainda na reunião de hoje, a subsecretária-geral para Assuntos Políticos e de Consolidação da Paz da ONU, Rosemary DiCarlo, apresentou mais detalhes sobre "as atividades alarmantes" de Pyongyang relacionadas com programas de armas nucleares e mísseis balísticos.

"A busca contínua da Coreia do Norte pelo seu programa de armas nucleares e lançamentos de mísseis balísticos viola descaradamente resoluções relevantes do Conselho de Segurança e levou a uma escalada significativa das tensões", disse.

De acordo com DiCarlo, a Coreia do Norte "parece prosseguir ativamente com o seu programa nuclear", tendo a Agência Internacional de Energia Atómica observado atividade no local, assim como a "construção de instalações nucleares em Yongby" e a operação de um "reator nuclear de cinco megawatts".

Alguns países criticaram ainda a Coreia do Norte por gastar fundos no seu programa de mísseis, ignorando as necessidades humanitárias do seu povo.

A par da reunião de hoje, a Albânia, Austrália, Equador, França, Irlanda, Índia, Japão, Malta, Noruega, Coreia do Sul, Suíça, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido e Estados Unidos lançaram uma declaração conjunta, "apoiando a necessidade do Conselho condenar as ações da Coreia do Norte com uma voz unificada e tomar medidas para limitar as armas ilegais de destruição em massa e os avanços de mísseis balísticos".

[Notícia atualizada às 18h17]

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