As autoridades ucranianas encontraram, esta quinta-feira, nove câmaras de tortura e 432 corpos, na região de Kherson, usadas pelos russos durante a ocupação desta cidade reconquistada pelas tropas de Kyiv, a 11 de novembro.
A informação foi avançada pelo procurador-geral Andrii Kostin, citado pelo jornal The Kyiv Independent.
Kostin revela ainda que há várias equipas de investigadores a trabalhar no local para documentar todos os “crimes de guerra russos”, acrescentando que correm risco de vida porque “muitos edifícios na área estão minados e as tropas russas continuam a atacar a região com mísseis”.
️Ukrainian authorities discover 9 torture chambers in liberated Kherson Oblast.
— The Kyiv Independent (@KyivIndependent) November 24, 2022
The bodies of 432 civilians killed during Russian occupation were also found on the liberated territories of the oblast, Prosecutor General Andrii Kostin reported on Nov. 24.
De acordo com uma investigação da Sky News, nesta altura já foram contabilizadas entre 1.900 a 2.000 campas.
Desde a reconquista de Kherson, em 11 de novembro, Kyiv tem denunciado vários "crimes de guerra" e "atrocidades" russas na região, mas, até ao momento, Moscovo não reagiu às acusações.
Na semana passada, um relatório divulgado pelo Observatório de Conflitos dos EUA referiu que, entre março e outubro, mais de 220 pessoas foram detidas ou desapareceram às mãos das tropas russas em Kherson.
O relatório indicou também que 55 dos detidos ou desaparecidos foram torturados, enquanto cinco morreram durante o cativeiro ou pouco depois da sua libertação. Seis dessas pessoas terão sofrido violência sexual ou de género.
Também o comissário dos direitos humanos do parlamento ucraniano, Dmytro Lubinets, denunciou terem sido descobertas várias valas comuns, tendo as investigações demonstrado que as forças russas torturaram prisioneiros ucranianos com recurso, por exemplo, a choques elétricos. Também existem relatos de execuções e de espancamentos com barras de ferro.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas - mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,8 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.557 civis mortos e 10.074 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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