Fico chegou à Rússia para uma "visita de trabalho" e encontrou-se cara a cara com Putin hoje, segundo adiantou Dmitri Peskov, o porta-voz do Kremlin, à agência de notícias russa RIA, especificando que as conversações entre os dois líderes se centrariam na situação internacional e no fornecimento de gás russo.
Visitas e telefonemas a Putin por parte de líderes europeus têm sido raros desde a invasão da Ucrânia, ainda que o primeiro-ministro húngaro, Viktor Órban, tenha visitado a Rússia em julho, uma viagem condenada por Kiev e pela União Europeia.
A posição de Fico relativamente à guerra na Ucrânia diverge claramente da maioria na União Europeia.
Desde o regresso ao poder no ano passado, após uma campanha pró-russa e antiamericana, o primeiro-ministro eslovaco pôs fim ao fornecimento de material militar à Ucrânia, criticou as sanções da União Europeia à Rússia e prometeu bloquear a entrada da Ucrânia na NATO.
Fico disse na sexta-feira, num vídeo publicado na rede social Facebook, que o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, lhe ofereceu 500 milhões de dólares de ativos russos congelados pelas sanções internacionais em troca do seu apoio para a adesão à NATO.
Fico e Zelensky estiveram juntos na quinta-feira, em Bruxelas, na cimeira de líderes da União Europeia, durante a qual o presidente ucraniano garantiu que o seu país irá cortar o fornecimento de gás russo à Europa, uma decisão que pode prejudicar a Eslováquia.
Sobre isto, Fico, cujo país importa por ano três mil milhões de metros cúbicos de gás russo à Gazprom, alertou que podem ser tomadas medidas recíprocas contra a Ucrânia.
A Eslováquia fornece eletricidade à Ucrânia, cuja infraestrutura energética foi bastante danificada pelos ataques russos, enviando ainda para o país ajuda humanitária e equipas de desminagem.
Além disso, Fico ameaçou ainda reverter o fluxo de gás para a Ucrânia que abastece as suas necessidades de combustível, caso se concretize o corte de fornecimento de gás russo à Eslováquia.
O Presidente da Ucrânia criticou na quinta-feira o que considerou ser um "comportamento vergonhoso" da Eslováquia por equacionar continuar a receber gás russo, criticando que Moscovo continue a ganhar dinheiro com sangue ucraniano.
"Não vamos prolongar o transporte de gás russo", disse Volodymyr Zelensky em conferência de imprensa, depois de participar na reunião do Conselho Europeu, enquanto convidado, em Bruxelas, capital da Bélgica.
Em causa está um contrato para o transporte de gás entre a Rússia e a Ucrânia, destinado à Eslováquia, Hungria e República Checa, que vai expirar no dia 31 de dezembro de 2024 e que Kiev não vai renovar.
No âmbito das relações com a Rússia, Robert Fico também fez uma rara aparição por parte de um político europeu na televisão estatal russa após a invasão da Ucrânia.
Em entrevista ao canal Rossiya-1 em outubro defendeu que o ocidente "prolongou a guerra" ao apoiar a Ucrânia, acrescentando que as sanções contra a Rússia foram ineficazes, declarando-se ainda pronto para negociar com Putin.
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