O suspeito do ataque ao mercado de Natal na Alemanha, Taleb A. [Taleb Jawad al-Abdulmohsen], segundo os media alemães], já tinha estado 'na mira' das autoridades policias.
De acordo com a publicação Der Spiegel, tudo começou em 2013, quando, de acordo com o ministério do Interior de Mecklenburg-Vorpommern, houve um litígio com a associação médica do estado.
A tutela adianta que em causa terá estado uma ameaça de ataque terrorista. Segundo o que explica, terá havido uma disputa com o reconhecimento dos resultados dos seus exames para a formação da especialidade e a Ordem dos Médicos alemã terá sido ameaçada. Taleb A. ameaçou a entidade com ações que atrairiam a atenção internacional e referiu-se ao atentado de Boston ocorrido em abril desse ano - situação que aconteceu durante uma maratona e que matou três pessoas, ferindo cerca de 260.
Segundo o que explica o ministério, na altura foi efetuada uma busca ao seu apartamento, durante a qual foram também verificados os aparelhos eletrónicos. Os investigadores não encontraram, no entanto, "preparativos reais para o ataque. Taleb A. foi condenado na altura ao pagamento de uma multa, por "perturbar a paz pública através da ameaça de cometer ofensas criminais".
Dez anos depois...
Já o presidente do Departamento Federal de Polícia Criminal (BKA), Holger Münch, contou, no sábado, uma situação mais recente que também envolve o suspeito em causa, que foi detido enquanto tentava fazer marcha-atrás no mercado. Em declarações à emissora pública alemã ZDF, o responsável explicou que em novembro de 2023 houve uma denúncia da Arábia Saudita sobre este médico, e contou que também na Alemanha se começou a investigar.
As declarações comunicadas foram, no entanto, "pouco específicas" e, segundo Münch, também houve contactos com as autoridades, trocas de insultos e ameaças. "Mas ele não era conhecido por nenhum ato violento", explicou.
Considerando que ao "padrão é completamente atípico", o presidente do BKA referiu, no entanto, que teria de ser analisado se os investigadores e autoridades de segurança deixaram 'escapar' algo durante esta investigação.
A CNN Internacional tentou contactar o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, que remeteu para o ministério do Interior, que, por sua vez, remeteu para o Ministério Público de Magdeburgo. A publicação norte-americana ainda não obteve nenhuma resposta.
Recorde o caso
O ataque aconteceu na sexta-feira e matou, pelo menos, cinco pessoas. Entre as vítimas mulheres estão quatro mulheres e um menino, que tinha nove anos. Há centenas de feridos.
Já este domingo foi conhecido que o suspeito, um médico, de 50 anos, fica em prisão preventiva, estando acusado de cinco crimes de homicídio, várias tentativas de homicídio e vários crimes de ofensa à integridade física.
Taleb A chegou à Alemanha em 2006, como estudante, e obteve asilo em julho de 2016, depois de ter sido ameaçado de morte por se ter afastado do Islão. Não era conhecido pelas suas simpatias pelo movimento jihadista e, pelo contrário, o seu perfil mostra-o como apoiante do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) ou de Elon Musk.
Viveu e trabalhou como psiquiatra em Bernburg, uma pequena cidade de 32.000 habitantes, na margem do rio Saale, entre Magdeburg e Halle.
Como ativista, informava e aconselhava mulheres sauditas sobre as possibilidades de fugirem do seu país, e tinha uma página na 'internet' com informações sobre o sistema alemão de asilo. Numa entrevista concedida ao Frankfurter Rundschau, em 2009, afirmou que muitas mulheres sauditas o procuraram, em busca de proteção, depois de terem sido violadas pelo homem de quem dependiam.
Nessa entrevista, afirmou que o sistema de asilo alemão era um caminho para a liberdade destas mulheres. A partir de certa altura, o distanciamento em relação ao Islão transformou-se numa rejeição aberta da política migratória alemã.
Em novembro, publicou na sua conta na rede social X (antigo Twitter) uma mensagem com "quatro exigências da oposição saudita" e afirmou que a Alemanha tinha que proteger as suas fronteiras da migração ilegal. Em seguida, acusou Merkel de ter um plano para islamizar a Europa com a sua política de fronteiras abertas.
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