As autoridades (chinesas) devem libertar imediatamente todos os manifestantes detidos injustamente e parar a censura 'online' sobre informações acerca dos protestos", disse esta organização não governamental num comunicado hoje divulgado.
No fim de semana, centenas de grupos de moradores em Pequim saíram dos seus condomínios, rompendo de facto com as medidas de prevenção epidémica vigentes na China, enquanto manifestações se alastraram por várias cidades chinesas contra a imposição de medidas de confinamento.
Em alguns casos, os manifestantes lançaram palavras de ordem contra o líder chinês, Xi Jinping, e o Partido Comunista da China.
"As pessoas em toda a China estão a assumir riscos extraordinários para exigir os seus direitos humanos", disse Yaqiu Wang, investigador sénior da Human Rights Watch na China, que acrescentou que as autoridades de Pequim devem "permitir que todos expressem pacificamente as suas opiniões".
No comunicado, a organização lembra as diversas manifestações de protesto pacíficas que se multiplicaram nos últimos dias contra as restrições sanitárias, incluindo moradores no bairro de Urumqui, em Pequim, ou estudantes em diversas cidades chinesas.
De seguida, a Human Rights Watch diz ter tido acesso a imagens de vídeo que circulam na Internet e que mostram "dezenas de polícias" a chegar a locais de protesto para "dispersar a multidão, de forma violenta".
"A polícia de Xangai algemou um jornalista da BBC que cobria o protesto e levou-o para uma esquadra, onde o espancou. Um vídeo mostra um homem não identificado, à paisana, a agarrar uma mulher que segurava um pedaço de papel em branco nos degraus da Universidade de Comunicação, em Nanjing", denuncia a organização.
A Human Rights Watch diz que as autoridades estão a censurar as contas de redes sociais que dão informações sobre os protestos e lembra que os manifestantes estão a ter a coragem de pedir a demissão do Presidente chinês, Xi Jinping.
"Embora protestos de pequena escala sobre abusos específicos do Governo aconteçam ocasionalmente na China, é extremamente raro que as pessoas peçam publicamente a demissão do Presidente Xi Jinping ou o fim do Governo do Partido Comunista", pode ler-se no comunicado.
A organização lembra que o Governo chinês tem "um histórico de repressão violenta", sendo o incidente mais notório o Massacre de Tiananmen, em 1989, quando as forças militares mataram muitos manifestantes pacíficos pró-democracia, em Pequim.
"Nos últimos anos, as autoridades reforçaram a censura 'online', expandiram o uso de tecnologias de vigilância, desmantelaram grupos da sociedade civil e prenderam muitos ativistas independentes, tornando extremamente difícil realizar protestos em grande escala", denuncia a organização de defesa dos direitos humanos.
Para a Human Rights Watch, "qualquer resposta policial aos protestos deve respeitar os padrões internacionais", pelo que critica a "aplicação de meios violentos" contra os manifestantes dos passados dias, elogiando a capacidade de resistência destes.
"As autoridades chinesas subestimaram muito a resiliência das pessoas em toda a China, dispostas a arriscar tudo para ver respeitados os seus direitos e liberdades", concluiu Wang.
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