"Ambos os partidos estão de acordo em que a China é o principal rival dos Estados Unidos, em termos de economia global. E com Pequim a ser mais agressivo no seu posicionamento perante Washington, é natural que os dois partidos se unam nos esforços de contrariar essa agressividade", defendeu Hsiao, durante uma conferência virtual do International Crisis Group, na segunda-feira, sobre o impacto do resultado das recentes eleições intercalares nos EUA na política externa norte-americana, a que a agência Lusa assistiu.
Contudo, esta analista argumentou que passará a haver um maior escrutínio do Partido Republicano sobre a posição do Governo do Presidente Joe Biden perante a China, com os congressistas mais conservadores a exigirem posições mais duras e consistentes perante a ameaça do regime de Pequim.
"Os Republicanos têm criticado Biden por ser demasiado moderado com o regime do Presidente Xi Jinping", disse Hsiao, lembrando que, já na campanha presidencial de 2020, o ex-Presidente e recandidato Donald Trump fez menção à necessidade de uma posição mais assertiva e forte de Washington perante Pequim.
Contudo, a analista lembrou que o provável futuro líder da maioria Republicana na Câmara de Representantes, Kevin McCarthy, se colocou ao lado da ainda líder da bancada Democrata, Nancy Pelosi, quando da visita desta a Taiwan, em agosto passado, apesar dos protestos da China.
"McCarthy tinha dito que, se fosse ele o líder da maioria, teria tido o mesmo gesto da sua adversária. E elogiou Pelosi pela coragem em enfrentar os protestos do regime chinês", explicou Hsiao, referindo-se à deslocação da líder Democrata a Taiwan.
Nos últimos meses, vários líderes norte-americanos deslocaram-se a este território, manifestando o apoio de Washington perante a possibilidade de uma invasão chinesa, que o Presidente Xi Jinping admitiu ser possível para garantir a integridade do país, voltando a não admitir as aspirações independentistas de Taiwan.
A analista do 'think tank' com sede em Bruxelas argumenta que a futura maioria Republicana na câmara baixa do Congresso irá exigir ao Governo do Presidente Joe Biden uma maior consistência na oposição às aspirações expansionistas de Pequim, embora não queiram contribuir para um conflito aberto entre os dois países.
Recentemente - após um encontro com o seu homólogo Xi Jinping, à margem de uma cimeira do G20 -- Joe Biden defendeu que se deve evitar uma "nova Guerra Fria" entre os Estados Unidos e a China, mostrando abertura para intensificar as relações comerciais e diplomáticas.
Amanda Hsiao acredita que os Republicanos vão respaldar esta estratégia de não conflitualidade aberta, mas vão pedir a Biden que seja mais consistente nas exigências ao regime de Pequim, nomeadamente nas conversações para colocar fim à guerra comercial entre os dois países, iniciada em 2016 e ainda sem um fim à vista.
"Os Republicanos também vão pedir à Casa Branca para que pressione a China a clarificar a sua posição sobre a situação na península coreana", defendeu a analista, numa menção à ambiguidade de posições de Pequim sobre os testes nucleares da Coreia do Norte, sancionados pela comunidade internacional.
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