A informação foi avançada à imprensa europeia em Bruxelas pelo porta-voz de Charles Michel, que indicou que, nesta primeira visita oficial à China, o responsável europeu "expôs as dificuldades enfrentadas pelas empresas e investidores da UE, que foram exacerbadas pela pandemia".
"Mais amplamente, houve uma troca de ideias sobre a covid-19 e as experiências verificadas na Europa e na China, incluindo sobre as respetivas medidas tomadas e a resposta das sociedades", acrescentou o porta-voz.
Este encontro de alto nível ocorreu após um fim de semana marcado por protestos em várias cidades da China, contra a estratégia de 'zero casos' de covid-19 que aquele país tem em vigor.
A política da China inclui a imposição de bloqueios em bairros ou cidades inteiras, que podem demorar semanas ou meses, a realização constante de testes em massa, e o isolamento de todos os casos positivos e respetivos contactos diretos em instalações designadas, muitas vezes em condições degradantes.
Esta foi uma reunião presencial de três horas, realizada hoje em Pequim, tendo sido também o encontro de mais alto nível entre a UE e a China desde o início da pandemia em 2020.
"Foi uma oportunidade para um diálogo aberto e sincero", destacou o porta-voz de Charles Michel.
Com a UE a reconhecer a "importância crítica das relações UE-China", Charles Michel aproveitou ainda a ocasião para destacar a Xi Jinping que "o mundo está confrontado com múltiplas crises, pelo que esta reunião era uma oportunidade para discutir formas de abordar estes desafios, bem como toda a amplitude da relação UE-China".
Outro assunto em cima da mesa foi a guerra da Ucrânia causada pela invasão russa, com Michel a dizer a Xi Jinping que "conta com a China, como membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, para exortar a Rússia a respeitar os princípios fundamentais da Carta da ONU e contribuir para pôr fim à destruição e ocupação brutais da Ucrânia".
"Ambos os líderes sublinharam que as ameaças nucleares são irresponsáveis e altamente perigosas", de acordo com o porta-voz de Charles Michel.
Nesta ocasião, o bloco comunitário comprometeu-se ainda a "trabalhar com a China tendo em vista a próxima Cimeira UE-China, em 2023", adiantou a mesma fonte.
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, reuniu-se hoje em Pequim com o Presidente chinês, Xi Jinping, que enfrenta manifestações históricas contra as restrições sanitárias e a favor de mais liberdades.
A política 'covid zero' da China, com grandes restrições, tem sido alvo de protestos em larga escala em várias cidades chinesas nos últimos dias, sendo o movimento mais difundido desde os protestos pró-democracia duramente reprimidos em 1989, o que já levou o principal órgão de segurança do país a pedir a supressão de forças hostis.
A visita de Michel acontece depois de o chanceler alemão, Olaf Scholz, ter viajado para Pequim no início de novembro e após o debate estratégico sobre a China realizado pelos chefes de Estado e de Governo da UE, durante uma cimeira em outubro.
A deslocação diplomática surge num momento de intensas discussões entre os europeus sobre como se posicionar face à China e também de crescentes tensões entre Washington e Pequim.
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