O ministro do Interior, Matteo Piantedosi, retomou a política de "portos fechados" que Salvini intoduziu quando era ministro com essa pasta, em 2018-2019, levando a um diferendo com a França sobre um barco de resgate de migrantes de uma organização não-governamental (ONG) francesa que foi forçado a aportar em França depois da recusa italiana.
Piantedosi insistiu também para que outros Estados-membros da União Europeia aliviem o fardo italiano no acolhimento de migrantes.
"Penso que o ministro Piantedosi está a fazer um excelente trabalho e que a União Europeia compreendeu que o problema tem que ser partilhado", disse Salvini, que também tutela os portos.
"Comparando com há dois meses, quando estávamos sozinhos, abandonados, esquecidos e isolados, o vento parece-me que ter mudado pela positiva", acrescentou o ministro de extrema-direita, citado pela agência italiana ANSA.
A recente recusa do novo Governo italiano em acolher o navio humanitário 'Ocean Viking' da organização não-governamental (ONG) SOS Méditerranée, com mais de 200 migrantes resgatados no Mediterrâneo a bordo, voltou a abrir a discussão sobre as questões migratórias no seio da UE.
Os migrantes seriam posteriormente acolhidos em França, mas o caso do 'Ocean Viking' acabou por desencadear uma crise diplomática entre Paris e Roma, com as autoridades francesas a reclamarem iniciativas europeias para melhor controlo das fronteiras externas da UE.
Portugal já está em contacto com as autoridades francesas para receber "rapidamente" 25 migrantes que estavam a bordo do navio 'Ocean Viking', resgatados no Mediterrâneo, anunciou o Governo no final de novembro, defendendo um "compromisso muito sério" sobre a questão migratória.
Itália é abrangida pela chamada rota do Mediterrâneo Central, uma das rotas migratórias mais mortais, que sai da Líbia, Argélia e da Tunísia em direção à Europa, nomeadamente aos territórios italiano e maltês.
Mais de 50.000 pessoas morreram desde 2014 em rotas migratórias, grande parte para tentar chegar à Europa, avançou, na quarta-feira, a Organização Internacional para as Migrações (OIM).
Mais de metade das 50.000 mortes documentadas pela OIM aconteceram em rotas para e dentro da Europa, com o mar Mediterrâneo a reivindicar pelo menos 25.104 vidas.
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