Volker Turk -- que assumiu as funções de Alto-comissário em 17 de outubro -- iniciou no domingo uma visita oficial à Ucrânia a convite do Governo ucraniano, com uma agenda que inclui encontros com vários altos funcionários nacionais e locais, bem como representantes da sociedade civil.
"Estava prestes a encontrar-me com defensores dos direitos humanos no meu segundo dia em Kyiv. Tive de alterar a reunião para este abrigo (...) porque as sirenes soaram", explicou Volker Turk, num breve vídeo enviado à agência France Presse (AFP).
É a primeira vez que um Alto-comissário da ONU para os Direitos Humanos visita a Ucrânia desde o início da invasão russa, em fevereiro passado. A sua antecessora, a chilena Michelle Bachelet, não chegou a ir ao território ucraniano.
Meeting with human rights defenders in underground shelter in Kyiv as missiles strike & air raid sirens sound again. Unbelievable that this is happening almost daily in #Ukraine. This must not become a new normal. pic.twitter.com/My22JGkOWO
— Volker Türk (@volker_turk) December 5, 2022
"Enquanto estávamos a conversar aqui neste abrigo, houve uma onda de ataques com mísseis contra a Ucrânia, alguns dos quais caíram perto de Kyiv. Podem imaginar o que isso significa para a população. Tornou-se quase um novo normal, mas está a ter um enorme impacto sobre os civis e deve parar", acrescentou o representante.
Na rede social Twitter, o representante publicou uma imagem do encontro.
Também no Twitter, num vídeo divulgado posteriormente, o Alto-comissário podia ser visto a caminhar por ruas da capital ucraniana cobertas pela neve, passando por prédios destruídos e a colocar uma coroa de cravos vermelhos junto a uma cruz.
"Estou na Ucrânia em solidariedade com as vítimas desta terrível guerra, provocada pela invasão da Federação Russa em 24 de fevereiro. Estou aqui para expressar a minha solidariedade, especialmente nestes meses de inverno rigoroso", justificou Turk.
A par de Kyiv, o Alto-comissário pretende visitar as regiões de Kharkiv (nordeste), Izum (este) e Uzhhorod (sudoeste).
As sirenes antiaéreas soaram hoje em toda a Ucrânia, perante uma nova vaga de bombardeamentos, com várias cidades ucranianas a serem submetidas a novos cortes de água e de eletricidade após ataques russos que mataram pelo menos duas pessoas.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,8 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.702 civis mortos e 10.479 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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