Analistas russos veem 'mão' dos EUA em ataques de 'drones' ucranianos
Os ataques dos últimos dias de 'drones' ucranianos contra alvos no interior da Rússia são desvalorizados por influentes comentadores russos, alguns dos quais apontam para 'mão' norte-americana na ofensiva.
© REUTERS
Mundo Guerra na Ucrânia
No programa "Grande Jogo", transmitido na noite de terça-feira pelo Primeiro Canal (estatal), Alexei Leonkov, perito militar e redator da revista Arsenal da Pátria, afirmou que os 'drones' [aeronaves não-tripuladas] usados pelas forças militares da Ucrânia "foram concebidos no tempo da União Soviética, como exploradores do campo inimigo, tendo agora sido convertidos em mísseis de médio alcance".
Segundo o mesmo especialista, as acções empreendidas pelos ucranianos, ontem e segunda-feira, "destinam-se a desviar a atenção da frente da batalha e a arrastar a comunicação social para acontecimentos secundários que não influenciam o curso da guerra".
No mesmo programa, Andrei Klintsevitch, director do Centro de Estudos de Conflitos Militares e Políticos, identificou influência norte-americana nos ataques de segunda-feira e terça-feira, contra instalações militares no 'coração' da Rússia, uma das quais a poucas centenas de quilómetros da capital, Moscovo.
"Nenhum exército possui uma linha contínua de defesa antiaérea. Por isso, os especialistas americanos, recorrendo à capacidade dos seus satélites, calcularam os planos de voo dos 'drones' ucranianos, de modo a que estes evitassem as unidades de defesa russas. Assim se compreende que os drones só tivessem sido neutralizados praticamente sobre os alvos que pretendiam atingir", disse Klintsevitch no painel de especialistas, geralmente alinhados de perto com as posições do Kremlin.
Klintsevich disse ainda que "sites militares ingleses, até mais do que os norte-americanos, mostram-se muito activos, dando recomendações estratégicas aos ucranianos, indicando-lhes como desenvolver as operações ofensivas".
Para o comentador, "outra manobra de diversão" ucraniana foi a destruição parcial, há dois meses, da ponte da Crimeia, que liga a Rússia à península ucraniana anexada pelas forças russas em 2014.
Na terça-feira, as forças ucranianas lançaram um ataque com 'drones' contra instalações militares nas cidades de Sebastopol e Kursk, e segundo as autoridades russas foram destruídos antes de alcançarem os objectivos.
O governador de Kursk, Roman Starovoit, informou que não se registaram vítimas e o incêndio foi controlado.
Na véspera, 'drones' ucranianos visaram os aeródromos militares russos de Enguels, região de Saratov, e de Diaguilevo, circunscrição de Riazan, a cerca de 200 quilómetros de Moscovo.
O Ministério da Defesa da Federação Russa confirmou que estes ataques provocaram a morte de três militares e feriram outros quatro.
"Os drones, que voavam a baixa altitude, foram interceptados pelas nossas unidades de defesa. Os seus destroços danificaram ligeiramente a fuselagem de duas aeronaves militares", disse a mesma fonte.
Viatcheslav Nikonov, apresentador do programa "Grande Jogo", considerou que os 'drones' lançados contra alvos russos não passaram de mero "fogo de artifício" a propósito do Dia das Forças Armadas da Ucrânia, na segunda-feira.
Segundo o diário "Kommersant", os projécteis utilizados pelas forças ucranianas serão os "drones TU-141, construídos na União Soviética ainda nos anos 60 do século passado".
Especialistas norte-americanos acreditam que a Ucrânia entrou no espaço aéreo russo com 'drones' da era soviética, mas não com meios obtidos graças aos milhares de milhões de dólares em ajuda militar dados pelas potências ocidentais desde que a Rússia invadiu o território ucraniano em 24 de fevereiro.
Na terça-feira, os Estados Unidos disseram "não encorajar ou ajudar" a Ucrânia a lançar ataques na Rússia.
"Tudo o que fazemos, tudo o que o mundo faz para apoiar a Ucrânia, é para apoiar a independência ucraniana", acrescentou o porta-voz da diplomacia norte-americana, Ned Price.
No entanto, Price teve o cuidado de não atribuir os recentes ataques de 'drones' a Kiev, que não reivindicou a responsabilidade.
"Estamos a dar à Ucrânia que precisa para usar no seu território soberano -- em solo ucraniano -- para confrontar o agressor russo", disse Ned Price.
O porta-voz não quis comentar informações do Wall Street Journal, segundo as quais os Estados Unidos teriam modificado os HIMARS destinados à Ucrânia, sistemas de artilharia muito poderosos e sofisticados, para evitar que fossem usados para atacar a Rússia.
O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse publicamente que não encoraja a Ucrânia a adquirir mísseis de longo alcance, temendo uma escalada que possa levar os norte-americanos a desempenhar um papel mais direto contra a Rússia.
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