"A nossa posição nunca mudou, a ONU é contra a pena de morte (...). Por isso, apelamos ao regresso à moratória da pena de morte no país", disse Stéphanie Tremblay.
As autoridades talibãs executaram hoje um afegão condenado por homicídio, a primeira execução pública desde que os antigos rebeldes tomaram conta do Afeganistão no ano passado, disse um porta-voz dos fundamentalistas islâmicos.
O anúncio sublinha as intenções dos novos governantes do Afeganistão de continuar as políticas de linha dura implementadas desde que assumiram o controlo do país em agosto de 2021 e de se cingirem à sua interpretação da lei islâmica, ou Sharia.
A execução teve lugar na província ocidental de Farah perante centenas de espetadores e muitos altos funcionários talibãs, incluindo da capital, Cabul, e da província, segundo Zabihullah Mujahid, o porta-voz máximo do governo talibã.
A decisão de executar a punição foi "tomada com muito cuidado", disse Mujahid, após aprovação por três dos mais altos tribunais do país e pelo líder supremo dos Talibãs, Mullah Haibatullah Akhundzada.
O homem executado, identificado como Tajmir da província de Herat, foi condenado por ter morto outro homem há cinco anos e roubado a sua mota e telemóvel. A vítima foi identificada como sendo Mustafa, da província vizinha de Farah. Muitos homens afegãos usam apenas um nome.
As forças de segurança talibãs tinham prendido Tajmir depois de a família da vítima o ter acusado do crime, disse Mujahid, sem indicar quando a detenção teve lugar, mas acrescentando que Tajmir tinha supostamente confessado o assassinato.
Durante o anterior domínio talibã do país no final dos anos 90, o grupo levou a cabo execuções públicas, flagelações e apedrejamentos dos condenados por crimes nos tribunais talibãs.
Depois de terem dominado o Afeganistão em 2021, nas últimas semanas da retirada das forças dos EUA e da NATO do país após 20 anos de guerra, os talibãs tinham inicialmente prometido ser mais moderados e permitir os direitos das mulheres e das minorias.
Em vez disso, restringiram os direitos e liberdades, incluindo a proibição da educação das raparigas para além do sexto ano. Também realizaram chicoteamentos públicos em diferentes províncias, punindo vários homens e mulheres acusados de roubo, adultério ou de terem fugido de casa.
Os antigos rebeldes têm lutado na sua transição da guerra para a governação em plena recessão económica, sem reconhecimento oficial por parte da comunidade internacional.
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