O juiz César San Martin declarou "improcedente" o recurso interposto pela defesa do Presidente destituído e detido na quarta-feira.
Esta decisão pode aumentar os protestos violentos que decorrem em todo o país, onde os peruanos têm exigido a libertação de Castillo, a renúncia da nova Presidente, Dina Boluarte, e a marcação de eleições gerais antecipadas, para eleger um novo chefe de Estado e substituir todos os membros do Congresso.
O anúncio de Castillo na quarta-feira, transmitido pela televisão nacional, a determinar a dissolução do Congresso, "não foi um mero ato de expressão, mas a expressão concreta de uma vontade de alterar o sistema constitucional e a configuração dos poderes públicos", destacou o juiz.
O juiz salientou que as evidências sugerem que Castillo foi intercetado enquanto tentava chegar à embaixada mexicana para pedir asilo.
San Martín acrescentou que existe a possibilidade de um risco de fuga porque a pessoa sob investigação pretendia recorrer ao asilo, "cujos primeiros passos já tinham sido dados", segundo as autoridades mexicanas, que concordaram em conceder a Castillo esse estatuto.
Após escutar as alegações da defesa do ex-Presidente, do tribunal e da procuradoria-geral, o juiz do Supremo tribunal perguntou a Castillo se tinha "algo a acrescentar".
Em resposta, o ex-Presidente indicou que se dirigia ao país para referir estar "totalmente agradecido pela sua confiança, esforço, a sua luta e o seu envolvimento".
"Jamais renunciarei, nem abandonarei, esta causa popular que me trouxe até aqui", assegurou, numa referência ao movimento popular e indígena que contesta a elite política de Lima.
Castillo também exortou "as Forças Armadas e da polícia nacional que deponham as armas e deixem de matar o povo sedento de justiça", numa referência às manifestações e confrontos que decorrem desde o fim de semana.
A Provedoria do Povo do Peru atualizou para seis o número de mortos nas manifestações que tiveram início na quarta-feira, retirando da lista uma pessoa que indicou que "não existe".
Todas as mortes aconteceram em comunidades rurais e empobrecidas, onde Castillo regista forte apoio. Quatro destas ocorreram em Andahuaylas, comunidade que continuava hoje com muitas lojas e serviços encerrados e onde decorreram novos protestos, com cerca de 3.000 pessoas a pedirem a renúncia de Boluarte.
Na segunda-feira, Castillo tinha já divulgado uma declaração através da rede social Twitter onde denunciava estar "sequestrado" e acusando Boluarte de "usurpadora".
Horas antes, a procurador-geral do Peru, Patricia Benavides, apresentou perante o Congresso (parlamento), uma queixa contra Castillo e três dos seus ministros por alegada promoção de rebelião e conspiração.
Leia Também: Peru. Pedro Castillo desafia detenção e agradece "esforço e combate"