Justiça do Peru rejeita recurso e mantém ex-presidente Castillo detido

A justiça peruana decidiu hoje manter detido o ex-Presidente Pedro Castillo, acusado de tentativa de golpe de Estado, ao rejeitar um pedido para a sua libertação, decisão que pode contribuir para o aumento dos manifestações nas ruas.

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© Artur Widak/NurPhoto via Getty Images

Lusa
13/12/2022 22:43 ‧ 13/12/2022 por Lusa

Mundo

Peru

O juiz César San Martin declarou "improcedente" o recurso interposto pela defesa do Presidente destituído e detido na quarta-feira.

Esta decisão pode aumentar os protestos violentos que decorrem em todo o país, onde os peruanos têm exigido a libertação de Castillo, a renúncia da nova Presidente, Dina Boluarte, e a marcação de eleições gerais antecipadas, para eleger um novo chefe de Estado e substituir todos os membros do Congresso.

O anúncio de Castillo na quarta-feira, transmitido pela televisão nacional, a determinar a dissolução do Congresso, "não foi um mero ato de expressão, mas a expressão concreta de uma vontade de alterar o sistema constitucional e a configuração dos poderes públicos", destacou o juiz.

O juiz salientou que as evidências sugerem que Castillo foi intercetado enquanto tentava chegar à embaixada mexicana para pedir asilo.

San Martín acrescentou que existe a possibilidade de um risco de fuga porque a pessoa sob investigação pretendia recorrer ao asilo, "cujos primeiros passos já tinham sido dados", segundo as autoridades mexicanas, que concordaram em conceder a Castillo esse estatuto.

Após escutar as alegações da defesa do ex-Presidente, do tribunal e da procuradoria-geral, o juiz do Supremo tribunal perguntou a Castillo se tinha "algo a acrescentar".

Em resposta, o ex-Presidente indicou que se dirigia ao país para referir estar "totalmente agradecido pela sua confiança, esforço, a sua luta e o seu envolvimento".

"Jamais renunciarei, nem abandonarei, esta causa popular que me trouxe até aqui", assegurou, numa referência ao movimento popular e indígena que contesta a elite política de Lima.

Castillo também exortou "as Forças Armadas e da polícia nacional que deponham as armas e deixem de matar o povo sedento de justiça", numa referência às manifestações e confrontos que decorrem desde o fim de semana.

A Provedoria do Povo do Peru atualizou para seis o número de mortos nas manifestações que tiveram início na quarta-feira, retirando da lista uma pessoa que indicou que "não existe".

Todas as mortes aconteceram em comunidades rurais e empobrecidas, onde Castillo regista forte apoio. Quatro destas ocorreram em Andahuaylas, comunidade que continuava hoje com muitas lojas e serviços encerrados e onde decorreram novos protestos, com cerca de 3.000 pessoas a pedirem a renúncia de Boluarte.

Na segunda-feira, Castillo tinha já divulgado uma declaração através da rede social Twitter onde denunciava estar "sequestrado" e acusando Boluarte de "usurpadora".

Horas antes, a procurador-geral do Peru, Patricia Benavides, apresentou perante o Congresso (parlamento), uma queixa contra Castillo e três dos seus ministros por alegada promoção de rebelião e conspiração.

Leia Também: Peru. Pedro Castillo desafia detenção e agradece "esforço e combate"

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