Administrador da estatal elétrica da África do Sul demite-se do cargo

O administrador da empresa pública de energia elétrica da África do Sul, Eskom, demitiu-se após quase três anos no cargo, foi hoje anunciado.  

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Lusa
14/12/2022 17:06 ‧ 14/12/2022 por Lusa

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África do Sul

Segundo vários órgãos da imprensa sul-africana, André de Ruyter apresentou a demissão do cargo de diretor-executivo (CEO) no início desta semana.

A concessionária de energia elétrica sul-africana confirmou a demissão de André de Ruyter, nomeado para o cargo em dezembro de 2019, em comunicado divulgado na tarde de hoje na rede social Twitter.

"Hoje, 14 de dezembro 2022, o diretor-executivo do grupo Eskom, André de Ruyter apresentou a sua demissão", referiu a nota.   

"O Sr. De Ruyter concordou em ficar por um período adicional além do aviso prévio estipulado de 30 dias para garantir a continuidade enquanto embarcamos com urgência na procura do seu sucessor. O seu último dia na Eskom será 31 de março de 2023", salientou o presidente do conselho de administração da Eskom, Mpho Makwana, citado no comunicado.

O comunicado sublinhou que "o conselho de administração da Eskom confirmou que não há planos para o presidente [Mpho Makwana] assumir interinamente o cargo de CEO, sendo que será efetuada uma pesquisa abrangente para encontrar um candidato qualificado".

Recentemente, André de Ruyter revelou que um dos gestores de uma das centrais elétricas a carvão da Eskom passou a usar um colete à prova de balas, juntamente com dois guarda-costas, ao descrever o "enorme desafio" da empresa pública em combater os sindicatos internos de crime organizado que "contribuem para a crise de energia no país".

"A corrupção do carvão é endémica na nossa cadeia de abastecimento", salientou De Ruyter à imprensa sul-africana.

A demissão ocorre numa altura em que a África do Sul enfrenta mais de 10 horas sem energia elétrica por dia em apagões contínuos de nível 5 e 6, sendo 8 o nível máximo.

A saída de André de Ruyter ocorre na véspera do congresso nacional eletivo do partido Congresso Nacional Africano (ANC, no poder), entre 16 e 20 deste mês, em Joanesburgo.

André de Ruyter foi indicado pelo Presidente, Cyril Ramaphosa, que ambiciona a reeleição na liderança do partido, prometendo erradicar a galopante corrupção pública na África do Sul.

Nas últimas semanas, as críticas à gestão de André de Ruyter subiram de tom por parte de altos dirigentes do ANC governante e dos seus parceiros na coligação governativa, nomeadamente a confederação sindical Cosatu.

O ministro dos Recursos Minerais e Energia, Gwede Mantshe, acusou a companhia elétrica estatal sul-africana de "tentar derrubar o Estado".

O sindicato Solidarity considerou que a saída de André de Ruyter "aprofundará" a crise em que se encontra a empresa pública, após quase três décadas de governação do antigo movimento de libertação ANC.

"A pessoa errada pediu demissão. O problema na Eskom não é a vontade operacional do chefe-executivo, mas sim a vontade política do Governo", adiantou a organização sindical.

O deputado do Aliança Democrática (DA), Ghaleb Cachalia, maior partido na oposição, salientou que De Ruyter foi "sacrificado no altar da política"

"A aparente renúncia repentina de André de Ruyter como CEO da Eskom é um reflexo da campanha implacável de Gwede Mantashe contra um homem que, apesar de ter uma mão amarrada nas costas enquanto lutava para colocar a empresa nos carris, combatendo a corrupção, políticas debilitantes e interferência política, realizou um esforço zeloso e responsável no desempenho das suas funções", afirmou.

A companhia estatal elétrica da África do Sul tem mantido cortes de energia em larga escala no país devido à escassez de capacidade de geração resultante de avarias e atrasos no retorno de algumas unidades de geração em serviço.

A empresa pública enfrenta igualmente pagamentos em atraso por parte dos municípios na África do Sul, na ordem dos 52 mil milhões de rands (2,9 mil milhões de euros).

A África do Sul, considerada o maior produtor de eletricidade no continente, que provém 80% do carvão, importa também 75% da produção total da Hidroelétrica de Cahora Bassa (HCB), em Moçambique, sendo um dos principais poluentes a nível mundial.

[Notícia atualizada às 17h37]

Leia Também: Parlamento da África do Sul chumba destituição do presidente Ramaphosa

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