"Operação militar"? Putin admite pela 1.ª vez que Rússia está em "guerra"
A utilização da palavra 'proibida' - e o adeus ao eufemismo - levou a que os críticos do chefe de Estado russo viessem a público mostrar o seu descontentamento.
© ILYA PITALEV/SPUTNIK/AFP via Getty Images
Mundo Guerra na Ucrânia
Desde que o conflito na Ucrânia teve início, em 24 de fevereiro, as altas figuras políticas e militares da Rússia sempre mencionaram a existência de uma "operação militar especial", negando tratar-se de uma guerra. Contudo, esta quinta-feira, em declarações numa conferência de imprensa após uma reunião governamental, o presidente Vladimir Putin usou a palavra que andava a evitar há dez meses.
"O nosso objetivo não é fazer girar o volante do conflito militar, mas, pelo contrário, pôr fim a esta guerra", disse Putin aos jornalistas, citado pela agência de notícias Reuters. "Esforçar-nos-emos por pôr fim a isto, e quanto mais cedo melhor, é claro".
A utilização da palavra 'proibida' - e o adeus ao eufemismo - levou a que os críticos do chefe de Estado russo viessem a público mostrar o seu descontentamento. Até porque, indicaram, muitas pessoas foram detidas pelo simples facto de, anteriormente, terem proferido a palavra 'guerra' neste contexto - uma ilegalidade.
Um destes casos é, recorda o The Washington Post, o de Alexei Gorinov, condenado a sete anos de prisão por ter usado o termo numa reunião entre deputados. Georgy Alburov, aliado de Alexei Navalny, opositor de Putin, recordou isso mesmo no Twitter: "Vladimir Putin também chamou hoje publicamente a 'guerra' de 'guerra' no seu local de trabalho. Portanto, libertem Gorinov ou coloquem Putin na prisão por sete anos."
Алексея Горинова осудили на 7 лет за то, что назвал войну войной на заседании совета депутатов.
— Георгий Албуров (@alburov) December 22, 2022
Владимир Путин сегодня тоже публично на рабочем месте назвал войну войной.
Так что либо Горинова выпускайте, либо Путина сажайте на 7 лет.
Russos que usaram esta terminologia foram igualmente acusados de estarem a espalhar "informação falsa" e a "descredibilizar" o trabalho das tropas em terreno ucraniano.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 14 milhões de pessoas - 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 7,8 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste momento, 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa - justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
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