Ministro turco da Defesa acusa França de "alimentar" os curdos do PKK

O ministro turco da Defesa, Hulusi Akar, acusou hoje a França de "alimentar" o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), no contexto dos protestos após o ataque de sexta-feira a um centro curdo em Paris.

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© Omar Havana - Pool/Getty Images

Lusa
25/12/2022 23:09 ‧ 25/12/2022 por Lusa

Mundo

Turquia

"A serpente alimentada pelos franceses começou a morder [a sua cauda]. Todos deveriam agora ver a verdadeira face desta organização terrorista", afirmou, acrescentando que é "problemático ajudar e apoiar os terroristas", segundo uma declaração do Ministério da Defesa.

Um homem com 69 anos abriu fogo num centro cultural curdo em Paris na sexta-feira, matando três pessoas e ferindo outras três.

As autoridades francesas manifestaram a total rejeição do que o Presidente Emmanuel Macron descreveu como um ataque "odioso" contra os curdos em França.

Centenas de pessoas protestaram na Place de la Republique em Paris no sábado, em rejeição do tiroteio do homem, que admitiu sentir um "ódio patológico" por estrangeiros.

A concentração decorreu de forma pacífica, mas depois das 13h00 eclodiram confrontos nas proximidades da Place de la République entre manifestantes e agentes da polícia, que resultaram no ferimento de 31 agentes de segurança e, pelo menos, onze detenções.

De acordo com a cadeia de televisão BFMTV, alguns manifestantes atacaram agentes de segurança com pequenos projéteis e atiraram-lhes mobiliário urbano. A polícia respondeu com gás lacrimogéneo.

Na sequência do episódio de violência, os organizadores da manifestação decidiram terminar a concentração mais cedo do que o previsto, sem avançar em direção à Bastilha, como previsto e onde os confrontos eclodiram.

O Conselho Democrático Curdo fez saber que os ânimos se exaltaram quando um grupo de "provocadores" passou pela manifestação num carro, mostrando a bandeira turca através das janelas e fazendo o gesto dos Grey Wolves.

A Grey Wolves é uma organização racista turca ultra-nacionalista e hostil à comunidade curda. As autoridades francesas ordenaram a sua dissolução em 2020, considerando-a uma organização extremista de extrema-direita. Os seus apoiantes fazem um gesto de mão levantando o seu dedo indicador e o dedo mindinho, e segurando o resto dos dedos juntos.

O homem suspeito de matar três curdos em Paris na sexta-feira deixou hoje a ala psiquiátrica da sede da polícia e será presente a um juiz de instrução na segunda-feira, com vista a uma possível acusação.

A informação foi avançada pela procuradoria, que detalhou que o suspeito foi de novo levado sob custódia hoje à tarde, depois de no sábado, ao final do dia, ter sido hospitalizado numa unidade psiquiátrica.

O detido, que alega ter um "ódio patológico a estrangeiros", é um reformado francês que admitiu ter aberto fogo num centro cultural curdo e num salão de cabeleireiro em Paris, matando três curdos e ferindo outras três pessoas.

O homem, com antecedentes criminais por ataques racistas e libertado da prisão no dia 11 deste mês, tinha acesso a armas por fazer parte de um clube desportivo de tiro e não pertencia a qualquer grupo de extrema-direita, indicou, na altura, o ministro do Interior francês.

O suspeito enfrenta potenciais acusações de homicídio e tentativa de homicídio com um motivo racista, segundo o Ministério Público parisiense.

A investigação não conseguiu até agora estabelecer quaisquer ligações particulares com a comunidade curda, e nem a análise do seu telefone, nem do computador que tinha em casa dos pais estabeleceram qualquer relação com a ideologia de extrema-direita.

As investigações excluem, para já, o caráter terrorista da ação, como defendido por representantes da comunidade curda em França, que colocam a Turquia por detrás dos acontecimentos, ocorridos quase dez anos depois do assassinato a sangue frio de três militantes curdos muito próximo do local onde este tiroteio teve lugar.

Leia Também: Turquia diz que "neutralizou" 3.982 "terroristas" em operações militares

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