O encerramento do painel do Congresso ocorre no dia em que a maioria republicana é empossada na Câmara dos Representantes.
Com muitos membros da comissão já demitidos, os restantes passaram as últimas duas semanas a divulgar muitos dos documentos do painel, incluindo o relatório final de 814 páginas, sobre 200 transcrições de entrevistas com testemunhas e documentos usados para apoiar as suas conclusões.
Os congressistas disseram que queriam tornar o seu trabalho público para enfatizar a gravidade do ataque e o esforço do ex-Presidente Donald Trump para desestabilizar as eleições de 2020.
"A responsabilidade agora é crítica para impedir qualquer outro esquema futuro para desestabilizar uma eleição", escreveram na segunda-feira o presidente, Bennie Thompson, e a vice-presidente, Liz Cheney, numa mensagem de despedida.
"Fizemos uma série de denúncias criminais, o nosso sistema de Justiça é responsável pelo que vem a seguir", acrescentaram.
Alguns dos depoimentos da comissão -- vídeos de centenas de entrevistas com testemunhas -- não vão ser tornados públicos imediatamente.
A comissão está a enviar esses vídeos e alguns outros registos para o Arquivo Nacional, que por lei os tornaria disponíveis em 50 anos.
Os membros disseram que não divulgaram os vídeos agora, porque seria muito difícil editá-los e redigir informações confidenciais.
No entanto, os novos líderes republicanos podem tentar obter esses materiais muito mais cedo.
Num pacote de regras propostas pela Câmara dos Representantes divulgada no domingo pede que o Arquivo Nacional exige-se a transferência de "quaisquer registos relacionados com a comissão" até 17 de janeiro.
Não é claro se Câmara dos Representantes liderada pelo Partido Republicano poderia fazer cumprir a exigência e o que fariam com os documentos.
A conclusão da comissão surge depois de uma das investigações do Congresso dos Estados Unidos mais agressivas e abrangentes da memória recente.
O painel entrevistou formal ou informalmente mais de 1.000 testemunhas, recolheu mais de um milhão de documentos e realizou 10 audiências.
Os dois republicanos e os sete democratas da comissão conseguiram conduzir a investigação com pouca interferência após o líder republicano da Câmara dos Representantes, Kevin McCarthy, ter se recusado a nomear membros minoritários, porque a presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, rejeitou duas das suas sugestões.
No final, a comissão chegou à conclusão unânime de que Donald Trump coordenou uma "conspiração" em vários níveis, pressionando estados, autoridades federais e congressistas para tentar reverter a sua derrota e inspirou uma violenta multidão de apoiantes a atacar o Capitólio e interromper a certificação da vitória do democrata Joe Biden nas eleições presidenciais.
O painel recomendou que o Departamento de Justiça processasse Trump por quatro crimes, incluindo auxílio a uma insurreição.
Embora o chamado encaminhamento criminal não tenha legitimidade legal, é uma declaração contundente da comissão e aumenta a pressão política sobre o procurador-geral, Merrick Garland, e o conselheiro especial, Jack Smith, que está a conduzir uma investigação sobre o 06 de janeiro e as ações de Trump.
"Esta é a investigação mais intensa em que já estive envolvida. (...) Nunca estive envolvida em nada tão amplo e intenso", disse a congressista democrata Zoe Lofgren, que está há quase 30 anos na Câmara dos Representantes e atuou como assessora de um membro da Comissão Judicial na década de 1970, quando o Congresso estava a preparar-se para acusar o então Presidente, Richard Nixon.
Lofgren também esteve na Câmara dos Representantes na altura do processo de destituição do ex-Presidente Bill Clinton e geriu o primeiro processo político-criminal de Trump há três anos.
A congressista californiana disse ainda acreditar que a comissão deixou claro que Trump foi o responsável pelo ataque ao Capitólio.
"Penso que provámos isso e enviámos tudo para o Departamento de Justiça. Vamos ver o que fazem", acrescentou.
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