A Ucrânia quer que a Organização das Nações Unidas (ONU) envie forças de manutenção de paz para a central nuclear de Zaporíjia, mesmo sem a existência de um acordo com a Rússia para o estabelecimento de uma zona de proteção no local, reporta a Reuters.
A afirmação é de Petro Kotin, o líder da empresa estatal ucraniana de energia nuclear Energoatom, que considerou que a ausência de um acordo a esse nível é um sinal claro de que o Conselho de Segurança da ONU deveria enviar essas mesmas forças, com vista a cessar o controlo da Rússia sobre a central.
"O problema é que não há uma solução ao nível da AIEA (Agência Internacional de Energia Atómica)", explicou, na terça-feira, Petro Kotin, em entrevista à Reuters. "O processo não está a avançar. Proporíamos avançar com este problema para o nível seguinte", acrescentou ainda.
Porém, reconheceu a fonte citada, a ausência de uma zona de proteção pode acabar por complicar a delimitação da área de controlo de uma missão dessa natureza, podendo, consequentemente, expor os seus soldados a situações de perigo.
O líder da Energoatom fez este pedido mesmo sabendo que a Rússia pode vetar qualquer resolução do Conselho de Segurança da ONU para um eventual destacamento de forças de manutenção da paz. Porém, Petro Kotin explicou ainda que o seu objetivo passa por sensibilizar o público para aquilo que tem sido a ação de Moscovo desde o início deste conflito.
Ainda assim, numa reunião interna a decorrer esta quarta-feira, funcionários ucranianos vão ainda discutir sobre como podem trazer o tema à discussão no Conselho de Segurança da ONU.
Este pedido, que tem sido recorrente desde setembro, surge depois daquela que é tida como a maior central nuclear da Europa ter vindo a sofrer repetidos bombardeamentos e cortes de energia, suscitando preocupações acerca da eventual ocorrência de uma catástrofe radioativa. Moscovo e Kyiv têm-se acusado mutuamente por esses ataques.
No mês de outubro, o presidente russo, Vladimir Putin, emitiu um decreto onde ordenava a transferência da referida central ucraniana para uma subsidiária da Rosatom, companhia estatal russa de energia. Em causa está uma ação que, na perspetiva de Kyiv, equivale a um roubo.
A guerra na Ucrânia, que teve início a 24 de fevereiro, matou já, pelo menos, 6.884 civis, com outros 10.947 a terem ficado feridos, segundo os cálculos mais recentes da ONU (Organização das Nações Unidas).
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