O porta-voz da ONU, Stephane Dujarric, adiantou hoje que o secretário-geral António Guterres decidiu dispensar a equipa, na ausência de garantias de segurança necessárias e das condições necessárias para o envio da missão ao local".
A Rússia alegou que os militares ucranianos utilizaram lança 'rockets' fornecidos pelos Estados Unidos para atacar a prisão em Olenivka, uma localidade controlada pela República Popular de Donetsk, apoiada por Moscovo, em 29 de julho.
Autoridades separatistas e autoridades russas disseram ainda que o ataque matou 53 prisioneiros de guerra ucranianos e feriu outros 75.
Por outro lado, as forças de Kiev negaram ter executado esse ataque com 'rockets' ou artilharia em Olenivka.
Em agosto, o serviço de inteligência do Ministério da Defesa ucraniano revelou ter evidências de que separatistas locais apoiados pelo Kremlin conspiraram com o FSB russo, a principal agência sucessora da KGB, e o grupo mercenário russo Wagner, para minar o quartel antes de "usar uma substância inflamável, o que levou à rápida propagação do fogo".
O porta-voz da ONU sublinhou hoje aos jornalistas que houve um "acordo político" de ambos os lados para a missão de investigação, mas que devido à complexidade, delicadeza e risco numa zona de guerra ativa, o organismo exigiu "garantias claras de segurança e acesso de ambos os lados".
"Não sentimos que recebemos [essas garantias]", frisou Stephane Dujarric, sem especificar se algum dos lados ofereceu as garantias pedidas.
"Só podemos esperar que, no futuro, existam as condições adequadas e, claro, estamos prontos para reconstituir a equipa... assim que sentirmos que temos as devidas garantias de segurança", acrescentou.
Os prisioneiros de guerra ucranianos na prisão de Donetsk incluíam tropas capturadas durante a queda de Mariupol. Estes passaram meses escondidos com civis na gigante siderúrgica Azovstal na cidade portuária do sul, sendo que a sua resistência durante um implacável bombardeamento russo tornou-se um símbolo do desafio ucraniano contra a agressão da Rússia.
Mais de 2.400 soldados do Regimento Azov da guarda nacional ucraniana e outras unidades militares desistiram da sua luta e renderam-se sob as ordens dos militares da Ucrânia em maio.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 14 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 7,9 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU.
Neste momento, 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.919 civis mortos e 11.075 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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