Zelensky respondeu desta forma ao anúncio do Presidente russo, Vladimir Putin, que determinou hoje um cessar-fogo de 36 horas entre o meio-dia de 6 de janeiro e a meia-noite de 7 de janeiro.
"Agora querem usar o Natal como disfarce para parar, pelo menos temporariamente, o avanço dos nossos combatentes no Donbass e trazer equipamentos, munições e homens mobilizados para mais perto das nossas posições. O que isso trará? Apenas mais um aumento no número de mortos", sublinhou o chefe de Estado ucraniano, no seu habitual discurso noturno diário divulgado nas redes sociais.
O governante insistiu que "todos sabem como o Kremlin usa as paralisações na guerra para continuar a guerra com vigor renovado", alertando que esta não é a forma "para acabar com a guerra mais rápido".
"O que é necessário é que os cidadãos da Rússia encontrem a coragem para se libertar do seu vergonhoso medo de um homem no Kremlin, pelo menos durante 36 horas, pelo menos no Natal", vincou.
Após o anúncio de um cessar-fogo pela Rússia, um conselheiro do presidente ucraniano já tinha qualificado de "hipocrisia" a medida.
Já o Presidente dos EUA, Joe Biden, disse hoje que o seu homólogo russo, Vladimir Putin, está a tentar "ganhar fôlego", com o anúncio de um cessar-fogo na Ucrânia, enquanto a chefe da diplomacia alemã, Annalena Baerbock, desvalorizou a medida de Moscovo, afirmando que não trará "nem liberdade nem segurança às pessoas que vivem diariamente com medo sob ocupação russa".
O ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, James Cleverly, considerou que o cessar-fogo "não fará nada para promover as perspetivas de paz".
Do ponto de vista diplomático, Zelensky agradeceu hoje a Joe Biden e ao chanceler alemão Olaf Scholz pelo apoio para a defesa ucraniana, com "mais armas" para o Exército e "mais proteção para todos os ucranianos, no solo, no céu e no mar".
"Teremos outra bateria Patriot e veículos blindados poderosos - esta é realmente uma grande vitória para o nosso país", vincou.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 14 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 7,9 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU.
Neste momento, 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.919 civis mortos e 11.075 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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