Bolsonaro pode ter os dias contados nos Estados Unidos
Democratas pedem a revogação do visto usado por Bolsonaro para permanecer nos Estados Unidos.
© EVARISTO SA/AFP via Getty Images
Mundo Jair Bolsonaro
O ex-presidente do Brasil Jair Bolsonaro pode ter os dias contados nos Estados Unidos, depois de as sedes do Supremo Tribunal Federal, do Congresso e do Palácio do Planalto, em Brasília, terem sido invadidas pelos seus apoiantes.
Numa altura em que começam a surgir pedidos para que Bolsonaro seja expulso dos Estados Unidos por incitação à insurreição, o The Guardian destaca que também está em causa o visto usado pelo ex-presidente brasileiro para permanecer no país, onde chegou a 30 de dezembro.
Bolsonaro chegou à Flórida quando ainda era presidente – uma vez que Lula da Silva só tomou posse a 1 de janeiro – e tal deverá ter acontecido com um visto A-1, reservado a líderes estrangeiros.
O Departamento de Estado dos Estados Unidos não comentou especificamente o caso de Bolsonaro, mas explicou que, quando um funcionário estrangeiro entra nos EUA com um visto A-1, tem a responsabilidade de sair em 30 dias depois de deixar de estar envolvido em negócios oficiais, ou pode ser expulso pelo Departamento de Segurança Interna.
"Os Estados Unidos devem revogar quaisquer vistos detidos por Jair Bolsonaro e se o Brasil solicitar a extradição de Bolsonaro – seja por crimes relacionados ao ataque de 8 de janeiro ou outros crimes que ele possa ter cometido durante o mandato – devemos atender integralmente", disse ao The Guardian o deputado democrata Joaquin Castro, que é membro do comité de Negócios Estrangeiros da Câmara dos Representantes.
Sublinhe-se que, depois dos ataques de domingo, alguns congressistas do Partido Democrata dos EUA já pediram que Biden expulsasse Bolsonaro.
"Os Estados Unidos precisam parar de conceder refúgio a Bolsonaro na Florida", disse a parlamentar democrata de Nova Iorque Alexandria Ocasio-Cortez numa mensagem nas suas redes sociais.
Pedidos semelhantes foram feitos por legisladores como o texano Joaquín Castro, Ilhah Omar do Minnesota e Mark Takano da Califórnia.
O assessor de segurança da Casa Branca, Jake Sullivan, afirmou na segunda-feira que o Governo dos EUA não tem contacto direto com Bolsonaro e que o governo brasileiro não pediu o regresso do ex-presidente.
"Se recebêssemos tal pedido, levaríamos a sério, como sempre fazemos", disse Sullivan em declarações aos 'media' durante uma visita ao México.
Já o ministro da Justiça brasileiro, Flávio Dino, disse que o governo não tem elementos para pedir aos EUA a extradição de Bolsonaro, que considera politicamente responsável pelos ataques de domingo a edifícios públicos em Brasília.
"A extradição é um processo legal com padrões internacionais e só é possível pedir a extradição quando alguém é solicitado por um crime. Ainda não existem elementos para pedir a sua extradição", disse o ministro, numa conferência de imprensa.
Dino esclareceu que, apesar dos inúmeros processos criminais instaurados contra o líder da extrema-direita brasileira e de ele ser considerado "politicamente responsável" pelos ataques de radicais em Brasília, não há nenhum mandado de prisão que justifique o pedido de sua extradição.
Sublinhe-se que, entretanto, foi conhecido que Bolsonaro foi internado, na manhã de segunda-feira, num hospital nos Estados Unidos, após sentir dores abdominais. Em entrevista à CNN Brasil, o antigo governante indicou que irá antecipar o seu regresso ao país. "No Brasil, os médicos já sabem do meu problema de obstrução intestinal por causa da facada. Aqui, os médicos não me acompanharam", justificou, à mesma estação de televisão.
Leia Também: Ministro da Justiça nega que exista pedido de extradição de Bolsonaro
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com