Emissões de jatos privados quadruplicaram durante Fórum Económico Mundial

À medida que muitos empresários e líderes começam a juntar-se em Davos, muitas organizações ambientais apontam para a hipocrisia dos daqueles que viajam em jatos privados para depois discutir soluções para as alterações climáticas.

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Notícias ao Minuto
13/01/2023 12:52 ‧ 13/01/2023 por Notícias ao Minuto

Mundo

Crise Climática

Se as conferências climáticas já foram alvo de vários críticas por parte de organizações ambientais, que as consideram pouco ambiciosas, a forma como os líderes mundiais chegam a estas conferências tem sido também atacada pelos ambientalistas.

Um relatório divulgado esta sexta-feira pela consultora ambiental neerlandesa CE Delft concluiu que as emissões tóxicas lançadas jatos privados quadruplicou durante o Fórum Económico Mundial de 2022, que voltou a realizar-se presencialmente, em Davos (Suíça).

O relatório surge na semana anterior aos líderes mundiais e empresariais voltarem a Davos em jatos privados, para discutir a economia global e, quase certamente, voltar a abordar os desafios das alterações climáticas e as respostas dos governos.

No ano passado, mais de mil jatos privados entraram e saíram dos aeroportos em torno da cidade, localizada no coração dos Alpes, nos cantões mais a leste da Suíça.

Ao jornal britânico The Guardian, uma ativista e coordenadora de mobilidade europeia da Greenpeace, Klara Maria Schenk, afirmou que "os ricos e poderosos vão a Davos para discutir o clima e a desigualdade à porta fechada, usando a forma mais desigual e poluente de transporte". "Entretanto, a Europa está a atravessar os dias de janeiro mais quentes alguma vez registados e as comunidades pelo mundo estão a aguentar meteorológicos extremos, potenciados pela crise climática", acrescentou.

O The Guardian diz, citando o relatório, que 53% dos voos que chegaram aos aeroportos perto de Davos foram voos curtos, de distâncias inferiores a 750 quilómetros, distâncias que podiam ser feitas com recurso a carros ou mesmo ao avançado sistema ferroviário suíço. A sugestão é ainda mais veemente para os 38% de voos que cobriram uma distância inferior a 500 quilómetros.

O voo mais curto em direção a Davos foi de cerca de 20 quilómetros.

As emissões de jatos privados não são reguladas pela União Europeia, afirma a Greenpeace, apesar de esta ser a forma de transporte mais poluente do mundo, per capita.

Klara Maria Schenk argumentou que o uso de jatos privados devia ser banido, especialmente porque "80% da população mundial nunca viajou de avião, mas sofre as consequências de emissões danosas da aviação", referindo ainda que o Fórum Económico Mundial "diz estar comprometido em atingir o objetivo de 1.5º C do Acordo de Paris".

"Este festim anual de jatos privados é uma palestra insensível em hipocrisia", atirou.

O uso de jatos privados por parte de celebridades, políticos e outras personalidades tem sido criticado a nível mundial em várias plataformas. No Twitter, existiam páginas que davam conta das curtíssimas distâncias e voos que alguns famosos apanhavam nos seus jatos - alguns dos alvos mais atacados eram Taylor Swift e Elon Musk, sendo que o último acusou estas páginas de expor a sua localização e baniu-as.

Também no mundo do futebol houve casos de críticas relativas ao uso de aviões, quando o Paris Saint German usou o meio aéreo para jogar numa cidade onde era possível chegar via comboio de alta velocidade. Confrontado com esta questão, o treinador do PSG ironizou e respondeu que a equipa iria equacionar o barco à vela nos próximos jogos.

Recentemente, o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, foi acusado de hipocrisia relativamente aos objetivos climáticos do país, ao usar o dinheiro dos contribuintes para viajar de Londres a Leeds, uma distância de 320 quilómetros, num jato da Força Aérea.

Leia Também: Parlamento rejeita proibir voos noturnos e restringir jatos privados

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