Num debate sobre "a invasão das instituições democráticas brasileiras" por apoiantes do ex-presidente Jair Bolsonaro, em 08 de janeiro, os deputados estabeleceram um paralelo com o ataque em Washington a 06 de janeiro de 2021 por apoiantes do então Presidente norte-americano cessante, Donald Trump, e sublinharam a importância de serem responsabilizados todos os envolvidos nos acontecimentos de Brasília.
Intervindo em nome da Comissão Europeia, a comissária Adina Valean apontou que "a União Europeia tem reiterado a sua confiança na democracia do Brasil e na força das suas instituições", e afirmou-se convicta de que as mesmas "prevalecerão sobre a violência e o extremismo".
"O ataque às instituições centrais do Brasil não começou no domingo passado. Lamentavelmente, é o resultado de anos de ataques de polarização política contra o poder judiciário, contra a imprensa livre e contra a sociedade civil, amplificados ainda mais pelas redes sociais, e isto não está de modo algum limitado ao Brasil. Este é um problema para todas as nossas democracias", alertou.
A eurodeputada Maria Manuel Leitão Marques, do PS, observou que "o jogo de imitação que os movimentos pró-Bolsonaro fizeram do ataque do Capitólio" revela também "uma repetição de métodos similares de extrema-direita", designadamente "o não reconhecimento do resultado de eleições democráticas e a criação e disseminação de informação falsa através das redes sociais".
"É agora importante que prossigam as investigações, identificando os seus autores diretos, mas também todos aqueles que, por detrás, instigaram e financiaram estes acontecimentos", disse.
Por seu lado, Marisa Matias também estabeleceu um paralelismo entre o sucedido em Brasília e, um ano antes, em Washington, afirmando que "Trump e Bolsonaro andam de mãos dadas na mesma luta pela destruição da democracia".
"Apoiamos por isso fortemente os esforços para garantir uma investigação rápida, imparcial, séria e eficaz, a fim de identificar, processar e responsabilizar todos os envolvidos, incluindo os instigadores, organizadores e financiadores, bem como as omissões de instituições estatais que não agiram para prevenir estes ataques", declarou.
Já Francisco Guerreiro, eurodeputado independente inserido no grupo dos Verdes europeus, comentou que "a extrema-direita tem um roteiro fanático e violento, e os últimos episódios de invasão de instituições representativas do Estado de direito, tanto nos Estados Unidos como no Brasil, são um exemplo claro desta selvajaria política".
Depois do debate de hoje à noite, o Parlamento vai adotar, na quinta-feira, uma resolução sobre os acontecimentos de Brasília.
Apoiantes do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro invadiram e vandalizaram em 08 de janeiro as sedes dos três poderes do país em Brasília - Supremo Tribunal Federal, Congresso e Palácio do Planalto -, obrigando à intervenção federal para repor a ordem e suscitando a condenação da comunidade internacional.
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