De acordo com a agência EFE, os deputados foram unânimes nas suas críticas ao Governo marroquino e no pedido para que seja respeitada naquele país do norte de África a liberdade de expressão e de imprensa.
O eurodeputado socialista holandês Thijs Reuten afirmou mesmo que foram vistos nos últimos dias "representantes de Marrocos a deambular descaradamente pelo Parlamento Europeu", ressalvando que "ceder à chantagem de Rabat não pode ser a forma de relacionar-se com Marrocos".
Já o eurodeputado grego Giorgos Kyrtsos classificou como "inaceitável" a ação de Marrocos contra os seus críticos, "recorrendo ao Pegasus para escutas ilícitas e para iniciar processos legais, usando dados obtidos de forma ilegal".
"O Governo [marroquino] tem o costume de influenciar eurodeputados e o processo de tomada de decisão de processos semelhantes aos do Catargate", afirmou.
Na mesmo sentido, o eurodeputado espanhol Jordi Cañas (Ciudadanos) instou Marrocos a "respeitar os seus compromissos" e a não utilizar a migração para "chantagear um Estado membro, espiando governos amigos ou condicionar os seus debates".
No final do debate, interveio a comissária europeia para os Transportes, Adina Valean, que assegurou que a UE "dá muita importância" à proteção dos direitos fundamentais na sua relação com Marrocos e que está a trabalhar "de forma estreita" com Rabat sobre estes temas.
"O respeito dos direitos humanos é o fundamento da relação estratégica [com Marrocos] e cujo desenvolvimento estamos comprometidos. Não temos receio de expressar as nossas preocupações aos nossos parceiros marroquinos, em particular no que se refere à liberdade de expressão, de imprensa e à proteção de jornalistas e ativistas de direitos humanos", afirmou.
O jornalista marroquino Omar Radi é um dos nomes que consta na lista de jornalistas que foram supostamente espiados pelo seu próprio Governo, ainda que este negue tais práticas.
Relativamente a Marrocos, a Amnistia Internacional tem chamado a atenção para as violações dos direitos humanos no Saara Ocidental, as limitações à liberdade de expressão, a vigilância de jornalistas e ativistas críticos do Governo ou do Rei Mohamed VI, as políticas de controlo da migração, bem como as violações dos direitos das mulheres e da comunidade LGBTI.
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