"Acho que a decisão dele de ficar quieto depois de perder as eleições, semanas e semanas sem falar nada; a decisão dele de tomar de não passar a faixa para mim, de ir embora para Miami como se estivesse fugindo com medo de alguma coisa", afirmou o Presidente brasileiro durante uma entrevista exclusiva ao website da Globonews, a primeira que deu a um meio de comunicação depois de tomar posse como Chefe de Estado.
"O silêncio dele mesmo depois do acontecimento daqui, me dava a impressão que ele sabia de tudo o que estava acontecendo, que ele tinha muito a ver com aquilo que estava acontecendo", frisou, acrescentando que "se Bolsonaro tiver participação direta, ele tem que ser punido".
Horas antes, Lula da Silva já tinha afirmado que o ex-chefe de Estado Jair Bolsonaro era culpado pelos ataques feitos por radicais às sedes dos três poderes no Brasil.
"Não sei se o ex-presidente mandou, o que eu sei é que ele tem culpa porque passou quatro anos mentindo para a sociedade brasileira instigando que o povo tinha de estar armado", afirmou Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, numa sala lotada de sindicalistas brasileiros.
Estas declarações surgem após o Tribunal Superior Eleitoral do Brasil dar ao ex-presidente Jair Bolsonaro três dias para explicar o conteúdo de um projeto de decreto que previa que fosse decretado estado de emergência, encontrado na residência de um ex-ministro.
O prazo foi fixado numa decisão do juiz do tribunal eleitoral Benedito Gonçalves, na segunda-feira, que ordenou a inclusão do documento numa investigação contra Bolsonaro por alegado abuso de poder durante a campanha para as eleições presidenciais de outubro.
O texto controverso é o projeto de um decreto que permitiria a Bolsonaro estabelecer o estado de emergência para intervir no mais alto tribunal eleitoral e reverter o resultado das eleições de 30 de outubro, em que foi derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva.
O documento foi encontrado pela Polícia Federal na residência de Anderson Torres, que era ministro da Justiça de Bolsonaro e está detido desde sábado sob a acusação de alegada omissão, pois era responsável pela segurança em Brasília quando milhares de radicais invadiram a sede da presidência, do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF).
Jair Bolsonaro foi também incluído pelo STF na lista das pessoas sob investigação pelos violentos acontecimentos de 08 de janeiro, como autor intelectual e instigador dos ataques feito por extremistas aos três poderes, em Brasília.
O ex-presidente, que se encontra atualmente nos Estados Unidos, é suspeito de incitar apoiantes a invadir e vandalizar as sedes do parlamento, da presidência e do STF.
Caso Bolsonaro seja considerado responsável por abuso político e utilização de meios de comunicação oficiais a favor da campanha, o tribunal eleitoral pode condená-lo a um período de desqualificação política de pelo menos oito anos.
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