Entre apelos para "acelerar", Zelensky aponta que "tempo é arma russa"

Para o presidente ucraniano, a vitória de Kyiv contra Moscovo "está nas mãos" do Ocidente, mediante a entrega de "artilharia e aeronaves que esmagarão o terror".

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Daniela Filipe
20/01/2023 10:39 ‧ 20/01/2023 por Daniela Filipe

Mundo

Ucrânia/Rússia

Dirigindo-se remotamente aos membros do Grupo de Contacto para a Ucrânia, que estão reunidos esta sexta-feira, na base aérea norte-americana de Ramstein, na Alemanha, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, reiterou o seu apelo por ajuda militar para o seu país, ao mesmo tempo que agradeceu os fornecimentos até agora.

"Posso agradecer centenas de vezes e será absolutamente justo, considerando tudo o que já fizemos. Mas centenas de agradecimentos não são centenas de tanques. Todos nós podemos usar milhares de palavras em conversas, mas não posso colocar palavras em vez de armas que são necessárias contra a artilharia russa, ou em vez de mísseis antiaéreos que são necessários para proteger as pessoas de ataques aéreos russos", disse, salientando, contudo, que "o tempo continua a ser uma arma russa".

"Temos de acelerar", apelou, pedindo que o Ocidente forneça mísseis de longo alcance e caças F16 à Ucrânia.

“Encorajo-vos a tomar decisões que possam privar o mal russo de qualquer poder. Está nas vossas mãos garantir artilharia e aeronaves que esmagarão o terror. Está nas vossas mãos obter a vitória”, sublinhou.

Por seu turno, o secretário de Defesa norte-americano, Lloyd Austin, considerou que "este não é o momento de desacelerar", apontando que "está na hora de ir mais além", no que toca à ajuda militar fornecida à Ucrânia.

"O povo ucraniano está a observar-nos. O Kremlin está a observar-nos, e a história está a observar-nos. Portanto, não vamos desistir e não vamos vacilar na nossa determinação de ajudar a Ucrânia a defender-se da agressão imperial da Rússia", disse.

O responsável foi mais longe, indicando que "a Ucrânia inspirou o mundo", ao passo que "a Rússia está a ficar sem munições".

"Está a sofrer perdas significativas. E está a voltar-se para os seus poucos parceiros, para reabastecer a sua invasão trágica e desnecessária. Mesmo o Irão e a Coreia do Norte não admitem que estão a abastecer a Rússia. Basta comparar isso com a onda de apoio à Ucrânia livre e soberana representada nesta sala", salientou.

De notar que o Grupo de Contacto para a Ucrânia, criado e liderado pelos Estados Unidos e que integra cerca de 50 países, está reunido, esta sexta-feira, na base aérea norte-americana de Ramstein, na Alemanha, para coordenar o fornecimento de mais ajuda a Kyiv.

A questão dos tanques Leopard 2 pesa sobre o novo ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, que tomou posse esta semana e reuniu-se na quinta-feira, pela primeira vez, com o seu homólogo norte-americano. Após o encontro, Boris Pistorius insistiu que não haveria "decisões unilaterais" do lado alemão.

A Polónia, por seu turno, mostrou-se disponível a tomar medidas "fora do normal, mesmo que alguém se ofenda com isso". Isto porque, na ótica do vice-ministro dos Negócios Estrangeiros daquele país, Paweł Jabłoński, "quanto mais cedo transferirmos mais tanques para a Ucrânia, mais segura também ficará a Polónia".

Lançada a 24 de fevereiro, a ofensiva militar russa na Ucrânia já provocou a fuga de mais de 14 milhões de pessoas, segundo os dados mais recentes da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A entidade confirmou ainda que já morreram 6.952 civis desde o início da guerra e 11.144 ficaram feridos, sublinhando, contudo, que estes números estão muito aquém dos reais.

Leia Também: Finlândia aprova 12.º programa de ajuda militar a Kyiv

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