Estatal russa de energia nuclear pode estar a ajudar na guerra
A entidade reguladora da energia nuclear na Rússia, a Rosatom, pode estar envolvida no esforço de guerra na Ucrânia, apesar da sua natureza civil, noticiou hoje o jornal norte-americano The Washington Post (WP).
© Getty Images
Mundo Guerra na Ucrânia
As suspeitas têm por base uma carta de um chefe de departamento da Rosatom, de outubro de 2022, obtida pelos serviços secretos ucranianos, sobre uma reunião com o Ministério da Defesa e representantes da indústria militar da Rússia.
Na carta, a que o jornal teve acesso, a empresa nuclear estatal alegadamente oferece-se para fornecer bens a unidades militares e a empresas de armamento russas que estão sob sanções.
A missiva contém um anexo com "descrições detalhadas dos produtos disponíveis para utilização pelos militares russos e pela indústria de armamento", segundo o WP.
Em resposta a um pedido de reação, a Rosatom disse que todas as alegações eram falsas.
A Rosatom não está incluída na lista de sanções ocidentais contra interesses de Moscovo por a Rússia ter invadido a Ucrânia, em 24 de fevereiro do ano passado.
Segundo o WP, isso deve-se em parte "a preocupações sobre as potenciais consequências económicas" devido ao seu envolvimento na indústria de energia nuclear civil em todo o mundo, incluindo na Europa Ocidental e nos Estados Unidos.
Na Eslováquia, as centrais de conceção russa produzem metade da eletricidade do país e os Estados Unidos dependem da Rosatom em cerca de um quarto dos seus aprovisionamentos de urânio enriquecido.
A Rosatom controla cerca de 30 por cento do mercado global de enriquecimento de urânio e cerca de 17% do mercado de combustível para reatores.
Das cerca de 450 centrais nucleares em todo o mundo, cerca de 20% são de conceção russa, disse ao jornal Mark Hibbs, do programa de política nuclear do Fundo Carnegie para a Paz, um grupo de reflexão com sede em Washington e centros em Moscovo, Beirute, Pequim, Bruxelas e Nova Deli.
A estatal russa está atualmente a atuar em 23 unidades nucleares no mundo, incluindo Índia, Turquia e Egito, com uma carteira de encomendas de cerca de 200 mil milhões de dólares (mais de 184 mil milhões de euros, ao câmbio atual).
De acordo com o respetivo 'site', a Rosatom é uma 'holding' com cerca de 300 empresas e organizações que empregam mais de 275 mil pessoas.
É também o maior produtor de eletricidade na Rússia, ao assegurar 19,66 por cento das necessidades energéticas do país.
Após a invasão, funcionários da Rosatom foram acusados pelos ucranianos de terem facilitado a ocupação da central nuclear de Zaporijia (sudeste), a maior do género na Europa.
Zaporijia é uma das quatro regiões ucranianas anexadas pela Rússia no final de setembro, juntamente com Kherson, Donetsk e Lugansk, depois de Moscovo ter feito o mesmo com a Crimeia em 2014.
A Ucrânia e a generalidade da comunidade internacional não reconhecem a anexação dos quatros territórios, cuja recuperação é reclamada por Kiev, entre outras questões, como condição prévia para negociações com Moscovo.
A Rússia rejeita tais condições e afirma que a Ucrânia tem de aceitar a nova realidade.
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