Peru. Manifestantes anunciam que mobilizações vão prosseguir
As mobilizações no Peru vão prosseguir para exigir a demissão da Presidente Dina Boluarte, indicaram hoje dirigentes e ativistas envolvidos nos protestos, um dia após uma grande manifestação e confrontos em Lima e em outras regiões do país.
© Reuters
Mundo Peru
"A luta vai prosseguir em todas as regiões até à demissão de Boluarte e à satisfação das nossas reivindicações, eleições este ano e um referendo para uma Assembleia constituinte", disse à agência noticiosa AFP Gerónimo López, secretário-geral da Confederação geral dos trabalhadores do Peru (CGTP).
"As pessoas que chegaram a Lima preveem mobilizar-se de novo hoje. O dia de ontem [quinta-feira] foi um sucesso e em Lima a marcha foi pacífica, mas a polícia começou a atacar com gás lacrimogéneo e mesmo com balas", assinalou.
Os protestos no Peru já provocaram pelo menos 59 mortos e centenas de feridos desde 07 de dezembro. Foram iniciados após a destituição e detenção do então Presidente peruano Pedro Castillo (de esquerda), acusado de ter tentado um "golpe de Estado" ao pretender dissolver o parlamento que se preparava para o destituir.
As manifestações de quinta-feira em Lima provocaram 38 feridos, incluindo polícias, indicou o Ministério do Interior.
Os protestos com a participação de milhares de pessoas, muitas delas de populações provenientes das zonas mais pobres do país, desde os Andes à selva Amazónica e zonas costeiras, acabaram por degenerar em confrontos com as forças policiais no centro da cidade.
No final da tarde, a Presidente peruana, Dina Boluarte, que assumia a vice-presidência no curto mandato de Castillo, apelou de novo à calma num discurso pela televisão.
"Ao povo peruano, aos que querem trabalhar em paz (...) e aos que protestam: não deixarei de vos apelar ao diálogo, e dizer que o país precisa de soluções para a água, a saúde, a educação, a agricultura, o gado, de mais pontes, de mais estradas...", afirmou.
Em paralelo, Dina Boluarte ameaçou "aqueles que produzem atos de violência" e prometeu "uma atuação com firmeza" pelas forças militares e policiais.
Os aeroportos de Cuzco e Arequipa (sul) permaneciam hoje encerrados, e também foi suspenso o comboio que se dirige para a histórica cidade inca de Machu Picchu.
Os dois aeroportos interromperam os voos após centenas de manifestantes terem tentado ocupado as instalações num dia de mobilização nacional.
A crise política que abala o Peru é também reflexo do enorme fosso entre a capital e as províncias pobres que apoiam o ex-Presidente Castillo, de origem ameríndia, e que nunca foi aceite no Palácio Presidencial pela elite e a oligarquia da capital, e pelos principais 'media' na posse de abastados empresários.
Em paralelo, o enviado especial do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Christian Salazar Volkmann, declarou hoje ter solicitado ao atual Governo peruano informações sobre as medidas adotadas para evitar mais mortos e feridos nos protestos antigovernamentais, tendo sugerido uma investigação.
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