Rússia classifica como "agente estrangeiro" opositor exilado em França
Uma cantora conhecida entre o público jovem e um opositor russo refugiado em França foram sexta-feira classificados como "agentes estrangeiros" pela justiça russa, no mais recente sinal de repressão devido ao conflito na Ucrânia.
© Getty Images
Mundo Guerra na Ucrânia
Os nomes de Elizaveta Gyrdymova, com o nome artístico de Monetochka, e Vladimir Ossetchkin, surgem agora ao lado de dezenas de outros na lista do Ministério da Justiça russo de pessoas consideradas "agentes estrangeiros", apurou a agência France-Presse (AFP).
Ícone pop russo, Monetochka é acusada de "arrecadar fundos para apoiar um país hostil [a Ucrânia] e de se manifestar contra a operação militar especial", nome dado por Moscovo à sua ofensiva armada na Ucrânia.
Depois de deixar a Rússia no início do conflito, Monetotchka organizou angariações de fundos para organizações não-governamentais (ONG) que ajudam refugiados ucranianos.
Vladimir Ossetchkine é o fundador da ONG Gulagu.net, especializada na defesa dos direitos dos detidos na Rússia.
Esta ativista é também acusado de "se ter manifestado contra a operação militar especial na Ucrânia" e de ter sido membro de uma organização ucraniana encarregada de prisioneiros de guerra.
Ossetchkine recebeu asilo político em França, onde afirma ter escapado de uma tentativa de assassinato em 12 de setembro, na sua casa na costa basca.
A ONG de Ossetchkine divulgou vídeos de violações em prisões russas em 2021, além de depoimentos de vítimas e, algo raro, de torturadores, levando à abertura de uma investigação pelas autoridades.
O ativista afirma ter mais de 1.000 vídeos que mostram torturas na prisão.
O rótulo como "agente estrangeiro", reminiscente do "inimigo do povo" da era soviética, é utilizado pelas autoridades russas para suprimir vozes críticas.
A classificação exige processos administrativos penosos e identificação, inclusive nas redes sociais, sob pena de multa.
A lei sobre "agentes estrangeiros" foi endurecida em 2022, acrescentando novas proibições.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e quase oito milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste momento, 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 7.031 civis mortos e 11.327 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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