O oligarca russo à frente do grupo Wagner reconheceu esta segunda-feira as comparações que têm sido feitas com Rasputin, o monge ortodoxo cuja figura é, ainda hoje, alvo de grande fascínio e críticas pela sua influência na família real russa durante a Primeira Grande Guerra.
Yevgeny Prigozhin disse que "não está familiarizado com a história de Rasputin, mas uma importante qualidade deste foi ter estancado o sangue do jovem príncipe [Alexei Nikolaevich] com feitiços".
"Infelizmente, não estanco sangue. Faço sangrar os inimigos da terra mãe. Não com encantamentos, mas com contacto direto", acrescentou o serviço de imprensa do oligarca, citado pela Reuters.
As palavras de Prigozhin são uma referência a um artigo do jornal norte-americano Financial Times que, no fim de semana, comparou o empresário ao icónico monge ortodoxo.
Rasputin é uma das figuras mais estudadas e controversas da história russa. Durante o início do século XX, Rasputin tornou-se famoso entre a corte do czar Nicolau II, depois de ter salvo o seu filho, que sofria de hemofilia - no entanto, os historiadores acreditam que, embora os relatos comparem o tratamento a magia, Rasputin terá simplesmente deixado de prescrever aspirinas ao jovem príncipe.
Ainda assim, o impacto da ação de Rasputin tornou o seu papel ainda mais preponderante e, quando Nicolau II partiu para supervisionar o esforço de guerra russo na Primeira Grande Guerra, o pároco - que alegava ter poderes mágicos - ficou encarregue de governar o Império Russo (uma decisão que se revelaria catastrófica para toda a corte, que acabaria por cair com a chegada ao poder dos bolcheviques, em 1917).
As comparações entre Prigozhin e Rasputin começaram no ano passado, quando um jornalista russo salientou o impacto que o oligarca tem no Kremlin, especialmente na liderança da Rússia e nas decisões mais danosas e agressivas que têm sido tomadas por Vladimir Putin.
Yevgeny Prigozhin é o oligarca à frente do grupo Wagner, a milícia armada que tem lutado na Ucrânia do lado russo e que tem operado, nos últimos anos, no continente africano. No entanto, o empresário só reconheceu que fundou o grupo em setembro de 2022, depois de vários especialistas e agências de inteligência terem dado conta da entrada da milícia na guerra.
Em África, o grupo Wagner tem sido responsável por defender os interesses russos, nomeadamente no Mali, na República Centro Africana, colaborando com as autoridades locais para combater grupos extremistas - embora essa colaboração tenha deixado as autoridades ocidentais preocupadas com a influência do Kremlin na região.
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