O acidente ocorreu na sequência de meses de tensões e pressões diplomáticas exercidas sobre Pristina e Belgrado na tentativa de uma aproximação entre os dois antigos inimigos sobre numerosos temas que os dividem.
Os disparos ocorreram na estrada entre as localidades de Leposavic e Mitrovica, região volátil onde se concentra uma parte significativa da minoria sérvia do Kosovo, quando um veículo recusou parar num posto de controlo da polícia albanesa kosovar.
Segundo as autoridades de Pristina, os polícias abriram fogo sobre o veículo "com o objetivo de neutralizar o perigo". A polícia também declarou que o condutor do veículo embateu num carro das forças policiais.
O Governo de Belgrado afirmou que um membro da comunidade sérvia local foi ferido no peito e hospitalizado de urgência na Sérvia.
A polícia do Kosovo não se referiu a qualquer ferido, declarando que o veículo "deixou o local".
As tensões agravaram-se no norte do Kosovo desde novembro passado. Centenas de sérvios, incluindo polícias, juízes e procuradores demitiram-se em massa em protesto contra a decisão -- depois suspensa -- de proibir a utilização de matrículas automóveis emitidas na Sérvia pela população sérvia local.
Na sequência desta decisão, foram erguidas barricadas e bloqueadas estradas que conduziam à fronteira com a Sérvia.
Belgrado nunca reconheceu a secessão unilateral do Kosovo em 2008, proclamada na sequência de uma guerra iniciada com uma rebelião armada albanesa em 1997 que provocou 13.000 mortos, na maioria albaneses, e motivou uma intervenção militar da NATO contra a Sérvia em 1999, à revelia da ONU.
Desde então, a região tem registado conflitos esporádicos entre as duas principais comunidades locais, num país com um terço da superfície do Alentejo e cerca de 1,7 milhões de habitantes, na larga maioria de etnia albanesa e religião muçulmana.
O Kosovo independente foi reconhecido por cerca de 100 países, incluindo os Estados Unidos, que mantêm forte influência sobre a liderança kosovar, e a maioria dos Estados-membros da UE, à exceção da Espanha, Roménia, Grécia, Eslováquia e Chipre.
A Sérvia continua a considerar o Kosovo como parte integrante do seu território e Belgrado beneficia do apoio da Rússia e da China, que à semelhança de dezenas de outros países (incluindo Índia, Brasil, África do Sul ou Indonésia) também não reconheceram a independência do Kosovo.
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