O Paquistão regista uma inflação elevada, com reservas de divisas insuficientes para três semanas de importações, e enfrenta grandes dificuldades recorrentes do pagamento da dívida.
O FMI anunciou em comunicado que a primeira equipa deve deslocar-se a Islamabade na próxima terça-feira para tentar alcançar um acordo sobre o "desembolso de uma nova tranche de ajuda financeira".
Comentando o anúncio da reunião com o FMI, o primeiro-ministro do Paquistão, Shehbaz Sharif, disse hoje ter esperança num novo acordo.
"O Paquistão está num ponto (crítico) em que nos esforçamos por poupar cada cêntimo", disse Sharif, acrescentando que já foi elaborada uma lista de bens "absolutamente essenciais" que devem ser importados com caráter de urgência.
A reunião de Islamabade foi possível graças à decisão do governo, que se comprometeu a não intervir no mercado cambial no sentido de manter os valores da moeda nacional.
Na quinta-feira, a rupia caiu para um mínimo histórico e continuou a depreciar-se hoje em relação ao dólar norte-americano.
Por outro lado, o Banco Central do Paquistão anunciou na quinta-feira uma nova queda das reservas cambiais, que agora se situam em 3,7 mil milhões de dólares, apenas suficientes para três semanas de importações.
As discussões com o FMI estão centradas na retoma de empréstimos faseados de seis mil milhões de dólares, concedidos em 2019 prevendo-se depois um aumento até aos sete mil milhões de dólares.
Até ao momento, apenas metade deste montante foi desembolsado.
O antigo primeiro-ministro, Imran Khan, que intermediou o primeiro acordo, não cumpriu as promessas relativas ao corte dos subsídios energéticos e não aumentou as receitas fiscais.
Khan foi deposto em abril do ano passado, na sequência de uma moção de censura parlamentar, mas o seu sucessor também tem estado relutante em cumprir os compromissos com o FMI por recear um revés eleitoral nas parlamentares marcadas para este ano.
Devido à escassez de dólares, os bancos recusam-se a conceder novos créditos aos importadores.
Em consequência, milhares de contentores com alimentos essenciais, matérias-primas e equipamentos médicos estão retidos no porto de Carachi.
A economia do Paquistão também foi fortemente afetada pelas cheias do verão passado e pelas dificuldades de fornecimento de energia que levaram ao encerramento de fábricas, particularmente no setor dos têxteis.
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