Os rebeldes passaram a controlar Kitshanga, no território de Masisi, na quinta-feira à noite, depois de terem conquistado várias aldeias na estrada que liga esta localidade de cerca de 60 mil habitantes a Goma, que fica assim privada de uma nova rota de abastecimento.
Goma, capital da província com mais de um milhão de habitantes, situa-se na fronteira com o Ruanda e já estava sem acesso a norte, através da Estrada Nacional 2, à qual os rebeldes chegaram durante a sua ofensiva de outubro-novembro de 2022.
O Movimento 23 de Março (M23), predominantemente tutsi, derrotado em 2013, mas apoiado pelo Ruanda segundo várias fontes voltou a pegar em armas no final de 2021 e desde então tomou parte dos territórios de Rutshuru e Nyiragongo, ao norte de Goma.
Sob o efeito de iniciativas diplomáticas e a supervisão da força regional da África Oriental implantada na região, os rebeldes anunciaram que se retirariam em dezembro e janeiro das duas posições conquistadas.
Mas os confrontos continuaram noutros setores, especialmente a oeste, em direção a Masisi, uma terra de plantações e gado.
Após três dias de combates, os rebeldes entraram em Kitshanga, que dista cerca de 90 quilómetros de Goma, apesar da presença de forças governamentais e de grupos armados que se identificavam como "patriotas" que resistiam ao avanço do M23.
"Retiramo-nos taticamente para fora da cidade, para atrair em profundidade estes genocidas e evitar o pior para a população de Kitshanga", disse o porta-voz do governador militar do Kivu do Norte, tenente-coronel Guillaume Ndjike, citado pela agência France-Presse.
"Estamos com os rebeldes aqui na cidade", disse um morador de Kitshanga entrevistado a partir de Goma.
Segundo acrescentou, "o M23 controla toda Kitshanga" e esta manhã "os rebeldes começaram a avançar para Mweso", na direção de Walikale.
O território de Walikale, um dos seis da província de Kivu do Norte, é muito rico em minerais, designadamente cobalto, ouro e cassiterite.
Essas lutas recentes teriam matado pelo menos 14 pessoas, segundo fontes de segurança e saúde.
O mediador e ex-presidente queniano Uhuru Kenyatta expressou esta semana "profunda preocupação com a acentuada deterioração da situação".
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