Antigo negociador da UE quer solução sem "ideologias" na Irlanda do Norte
O antigo negociador chefe da União Europeia (UE) para o 'Brexit', Michel Barnier, afirmou hoje em Londres acreditar numa solução para o impasse na Irlanda do Norte se as duas partes evitarem "ideologias".
© Reuters
Mundo Michel Barnier
"O importante é não ser ideológico", afirmou Barnier, durante um evento de apresentação do livro "Uma Ilusão Gloriosa" ("My Secret Brexit Diary: A Glorious Illusion", na versão inglês), um diário que manteve durante 2016 e 2020.
"Temos de encontrar soluções operacionais e práticas para o problema criado pelo 'Brexit' e garantir a paz e a credibilidade dos controlos para proteger o mercado único", vincou, em conversa com o diretor do centro de estudos UK in a Changing Europe, Anand Menon.
Sem comentar a notícia hoje avançada pelo jornal The Times, com base em fontes anónimas, de que foi alcançado um acordo, Barnier disse ver atualmente "uma vontade comum de aceitar a responsabilidade" pelo Protocolo da Irlanda do Norte.
Este capítulo do acordo de saída do Reino Unido da UE (o processo conhecido como 'Brexit') manteve o território alinhado com as regras europeias, impondo controlos, documentação e custos adicionais a bens que chegam do Reino Unido à Irlanda do Norte.
A solução, vincou Barnier, foi uma forma de não fragilizar o mercado único europeu perante o objetivo partilhado de evitar uma fronteira física na ilha da Irlanda entre a província britânica e a República da Irlanda, que é membro da UE.
"O nosso principal ativo é o mercado único e devem perceber, neste país e fora, que o mercado único não é mais do que uma zona de comércio livre, é um verdadeiro ecossistema (social e económico), de 27 países", explicou.
Segundo Barnier, "a principal razão pela qual os chineses nos respeitam é por causa do mercado único" e este é a "razão porque a UE é uma potência mundial".
Esta preocupação foi a primeira prioridade na negociação do 'Brexit', disse o antigo negociador, juntamente com a proteção do processo de paz na Irlanda do Norte e a criação de um enquadramento para o futuro relacionamento entre a UE e o Reino Unido.
"Acho que fui mais pragmático do que os britânicos", alegou, a propósito da "paixão" sentida nos argumentos políticos britânicos durante as negociações.
Barnier garante que trabalhou "sem qualquer ideologia" e que "o que criou o problema na Irlanda do Norte foi o 'Brexit', nada mais, e o facto de o Reino Unido sair do mercado único".
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