Uma semana depois de ter acedido a enviar estes blindados tão esperados pelas forças ucranianas, o ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, visitou o batalhão do exército que vai doar os seus 14 Leopard, estacionados em Augustdorf, no noroeste do país.
Para os cerca de 550 soldados do batalhão 203, é "uma amarga perda", admitiu Pistorius.
"É claro que o coração deles sangra com a ideia de que estes tanques serão agora doados, mas compreendem, porque é assim, a Ucrânia precisa de todo o nosso apoio", acrescentou.
Envergando uma farda militar, o ministro deu voz à sua emoção: "Dois corações batem no meu peito", afirmou, garantindo pensar ao mesmo tempo nas necessidades do exército alemão e nas da Ucrânia.
O objetivo é que "a Ucrânia ganhe esta guerra" contra a Rússia, insistiu.
O tempo está a esgotar-se: Berlim quer entregar os seus Leopard "no final de março, início de abril", no âmbito de um acordo entre países aliados dispostos a fornecer "entre 120 e 140" tanques, segundo Kyiv, para repelir o exército russo, que recentemente intensificou a sua ofensiva.
O desafio logístico que representará o envio dos tanques para a Ucrânia é um segredo bem guardado, mas, além disso, os ucranianos precisam primeiro de aprender a operar estas máquinas fabricadas pela indústria alemã, que são das mais modernas do mundo.
O ministro da Defesa alemão indicou que lhes será dado treino na Alemanha nos próximos dias, sob a forma de um "curso intensivo" de cerca de seis semanas, em Munster, no norte do país, o único centro de formação para a condução de blindados do exército alemão, onde este já está a ensinar os soldados ucranianos a manejar os Marder, blindados mais ligeiros destinados ao transporte de tropas.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de oito milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste momento, 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que hoje entrou no seu 343.º dia, 7.110 civis mortos e 11.547 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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