A guerra na Ucrânia tem levado ao limite a produção bélica russa e, avisa esta quinta-feira o Reino Unido, as exportações de armas estão a sofrer com o declínio na reputação da Rússia como um "exportador de armas credível".
No último relatório sobre a situação na Ucrânia, os serviços de inteligência do Ministério da Defesa britânico afirma que "o papel da Rússia como um credível exportador de armas está a ser muito provavelmente minado pela sua invasão na Ucrânia e pelas sanções internacionais".
A guerra, explica o Reino Unido, apenas veio a intensificar uma tendência que já se vinha registando, já que "mesmo antes da invasão, a percentagem da Rússia no mercado de armas internacional estava a cair". "Agora, confrontada com exigências conflituosas, a Rússia vai certamente priorizar o desenvolvimento de novas armas para as suas próprias forças na Ucrânia, em vez de exportar para parceiros", acrescenta.
Latest Defence Intelligence update on the situation in Ukraine - 2 February 2023
— Ministry of Defence 🇬🇧 (@DefenceHQ) February 2, 2023
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No entanto, os serviços secretos britânicos referem que esta mudança na produção de armamento será difícil, já que as várias sanções económicas, aplicadas por vários países ocidentais e por aliados da NATO por todo o mundo, está a causar uma escassez de componentes que "está a afetar provavelmente a produção de equipamentos, como veículos armados, helicópteros de combate e sistemas de defesa antiaérea".
"Além disso, a capacidade da Rússia de manter serviços de apoio para contratos de exportação em vigor, como o provisionamento de partes suplentes e manutenção, será seriamente dificultada durante os próximos três a cinco anos", finaliza o Reino Unido.
As dificuldades de armamento na Rússia não são recentes. No ano passado, perante a escassez drástica de armas para combater na Ucrânia, o regime passou a comprar equipamentos a países como a Coreia do Norte e o Irão. O uso de drones iranianos para atacar infraestruturas civis tem sido, aliás, muito criticado por governos ocidentais, apesar de tanto Teerão como o Kremlin negarem repetidamente a realização de encomendas após o início da guerra.
O presidente russo, Vladimir Putin, também já advertiu publicamente a produção de armas no país, pedindo em dezembro que esta fosse acelerada para corresponder às exigências da guerra.
Segundo o Wilson Center, citado pela Sky News, a Rússia continua a ser o segundo maior exportador de armas do mundo, apenas atrás dos Estados Unidos. A indústria russa é responsável por 20% das exportações globais de armas, o que corresponde a uma receita de 13,6 mil milhões de euros por ano.
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